Dormiu como há muito não dormia. Sem ruídos nem consciência, sem recordação das mudanças de pose daquele corpo dormidor, na sessão onírica em que apenas a escuridão observa o seu repouso. A vida arrumando-se em silêncio, timidamente, as horas cumprindo um papel rasurado, amachucado em desperdício. Ainda a urgência de uma noite que lhe dê protecção, o consolo de um azul-estrelado, a dar fim ao eclipse que lhe deixa, no rosto redondo, um tímido beijo de luz.
Noite Estrelada, van Gogh |
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