domingo, 21 de junho de 2009

O riso e o luto

As pessoas de riso fácil e constante boa-disposição começam a deixar-me nervosa, desconfiada. Depois da sedução do primeiro contacto, cedo ou tarde revelam um cérebro oco de ideias, um espírito fraco. O riso e a boa-disposição não são uma pastilha que possamos engolir pela manhã, como que a prepararmo-nos para o mundo. O riso e o optimismo conquistam-se, porque a vida é difícil. Por isso começo a ficar alérgica a receitas electrónicas para a felicidade, que circulam em todas as caixas de correio, como caruncho, roendo e devassando as mentes mais inseguras. Teremos chegado a um nível tão patético que precisamos de nos forçar a sorrir todos os dias, ou enviar postais com coraçõezinhos aos familiares e amigos, a lembrá-los de que gostamos deles?
Então e nos dias em que preciso de estar de luto?
Então e os sentimentos, valem menos do que a memória curta?
É que a tristeza existe e o amor, felizmente, não se esquece.
E por fim, quando vem o riso, ou, melhor ainda, um enorme sorriso interior, roçamos a felicidade ao de leve, aquela coisa que se pode tocar, mas nunca se agarra.

2 comentários:

  1. Vera:
    como te entendo! As pessoas de riso constante são superficiais e fingidas, é isso que penso, pois tal como tu sei que a vida é difícil e há dias em que nada nos põe um sorriso nos lábios...esses dias de luto, como dizes.
    Beijos.

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  2. realmente acontece, mas evito pessoas assim, meu blog se chama alegria, mas seria impossivel ser todo o tempo, carregar um sorriso forçado, uma falsa felicidade, assusta esse exagero, essa falsidade, basta viver para saber que as dificuldades, algumas injustiças nos fazem tirar o sorriso dos lábios, mas o que importa é que graças por sabermos que pessoas assim não existem, e que somos seres reais e não de conto de fadas.
    E parabéns pelo seu filho, que Deus abençõe aos dois.

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