segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ditos de José Luis Peixoto

"Vivemos num individualismo muito cru. As pessoas são levadas a acreditar que a promoção do conforto físico e das aparências é o que mais conta. Existe uma desvalorização do conforto afectivo e moral. Existe a ideia errada de que podemos ser felizes sozinhos ou, pior ainda, contra os outros."
"A juventude é uma das condições mais arrogantes que se pode experimentar. Isto porque, actualmente, faz parte da própria noção de juventude não perceber a sua extrema transitoriedade. Todos nos dirigimos para a velhice."

"A leitura depara-se com uma série de obstáculos, é muito mais fácil sentarmo-nos no sofá a ver televisão do que a ler um jornal. E a questão parece ser esta sociedade de facilistismo em que deixou de se perceber que as coisas que dão algum trabalho também são as que dão mais prazer, porque são conquistadas."

"...porque baixar os braços é ficar sempre no mesmo sítio."

(JOSÉ LUIS PEIXOTO, Citações retiradas do DN, entre 2003 e 2007. Foto: Adriana Freire, blog da Casa Fernando Pessoa)

3 comentários:

  1. Dá que pensar! E realmente é verdade, que muitos jovens caminham para esse abismo, onde só as aparências contam.
    Hoje sofri uma dessas desilusões...e esta publicação veio ao encontro disso que senti: desilusão, cansaço...mágoa, talvez. Felizmente nem todos são assim.
    Beijinhos, Vera.

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  2. Conhece Cecilia?
    envio este poema para ti.

    É preciso não esquecer nada:
    nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
    nem o sorriso para os infelizes
    nem a oração de cada instante.


    É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
    nem o céu de sempre.


    O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
    o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.


    O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
    a idéia de recompensa e de glória.


    O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
    vigiados pelos próprios olhos
    severos conosco, pois o resto não nos pertence.

    Cecília Meireles

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  3. Conheço vagamente. Obrigada pela partilha! Deste lembro-me dos tempos de pueril adolescência, no tom cândido de um Alberto Caeiro:
    Pus o meu sonho num navio
    e o navio em cima do mar;
    - depois, abri o mar com as mãos,
    para o meu sonho naufragar

    Minhas mãos ainda estão molhadas
    do azul das ondas entreabertas,
    e a cor que escorre de meus dedos
    colore as areias desertas.

    O vento vem vindo de longe,
    a noite se curva de frio;
    debaixo da água vai morrendo
    meu sonho, dentro de um navio...

    Chorarei quanto for preciso,
    para fazer com que o mar cresça,
    e o meu navio chegue ao fundo
    e o meu sonho desapareça.

    Depois, tudo estará perfeito;
    praia lisa, águas ordenadas,
    meus olhos secos como pedras
    e as minhas duas mãos quebradas.

    Cecília Meireles

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