Ontem, em concerto extra no Coliseu dos Recreios em Lisboa, também quase esgotado, para celebrar os 30 anos de carreira e os 20 sobre a gravação do álbum "Mingus e os Samurais", Rui Veloso deixou uma multidão de barriga cheia e a pedir mais, ao fim de 3 horas. Duas partes, duas bandas. Na primeira, tornámos a ouvi-lo com o Manel Paulo ao piano, o Nanã Sousa Dias no sax tenor, soprano e flauta, o Manuel Costa Reis na bateria, o Alexandre Manaia nos teclados, guitarra e vozes, enfim, a velha formação dos anos 80.
Na 2ª parte trouxe convidados e velhos amigos: Tim, Dany Silva, Tito Paris, João Gil, Jorge Palma, Mariza. O som e as luzes foram exemplares, nada falhou. E quando falhou e algo na parte técnica demorou uns segundos, o Rui, muito descontraído, fez-nos rir:
- Olha, faço um solinho! E deliciou-nos com um belíssimo solo de blues. Os coros masculinos, em ambas as bandas, soaram como gravados em estúdio. Como cantora, fiquei impressionada: Berg (guitarrista) e Paulo Ramos (que também tocou percussão) aconchegaram a voz do Rui e fizeram jus à alta qualidade dos arranjos harmónicos.
- Olha, faço um solinho! E deliciou-nos com um belíssimo solo de blues. Os coros masculinos, em ambas as bandas, soaram como gravados em estúdio. Como cantora, fiquei impressionada: Berg (guitarrista) e Paulo Ramos (que também tocou percussão) aconchegaram a voz do Rui e fizeram jus à alta qualidade dos arranjos harmónicos.
Um novo tema maravilhoso, à laia de guloseima: "Velhos no Jardim".
Novos arranjos, um desfile inacreditável de boas canções que não iremos esquecer. Não há carreira que se compare à deste senhor em Portugal. A sensibilidade e graça das letras inspiradas de Carlos Tê, quase na totalidade do seu extenso repertório, são impossíveis de dissociar do constante e merecido sucesso que o Rui tem tido ao longo destas três décadas. Seria impossível cantá-las todas, ainda assim, foram dois concertos com meia hora de intervalo, um esforço olímpico para um cantor, para mais, tendo em conta que tinha já feito o mesmo concerto na véspera! Quando se tornou evidente que ia terminar, o publicou vaiou e ele reagiu, bem disposto:
- Querem matar-me do coração?!
Algures, a meio da festa, um homem sai-se com um pedido desvairado que pôs o coliseu inteiro a rir:
- Ó Rui, faz-me um filho!
A bem dizer, filhos, já deixou muitos: várias dezenas de canções que fazem parte do nosso percurso musical, numa variedade de composição impressionante. Maravilhoso concerto, uma festa alegre, comovedora, excitante, onde tive a honra de participar de camarote.
No final, para nós, amigos do Rui, mulheres dos músicos, filhos, etc, houve convívio depois, com uma ceia privada servida no bar dos artistas. Cheguei a casa às 5h da manhã, cansada, feliz, com o coração cheio de melodias.
A foto acima foi tirada no estúdio cá de casa, pelo Nanã. Nesta sessão fui transformada em maquilhadora de urgência, pois como dizia o Nanã, Hás-de fazer melhor trabalho do que eu...
Digam-me se o nosso Rui não ficou lindo. Parabéns, amigo, por uma carreira sem igual.
Belíssimo artigo...quem sabe,sabe!
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