"A chave entregue na D. Ermelinda, a porta fechada para sempre. As roupas nas gavetas, os frigoríficos e a despensa cheios, os brinquedos dos miúdos em suspenso, a cassete do Toy Story inserida no leitor de vídeo, os produtos nas casas de banho, os discos, os livros, os candeeiros, a grafonola comprada na loja de antiguidades, os móveis adquiridos em antiquários, a roupa de praia, a loiça, os vinhos na adega, tudo ficou. Lembrava a história dos três ursinhos e da menina dos caracóis de ouro, um dia alguém ia entrar e ver a sopa fumegante na mesa posta, as camas feitas, Alguém mexeu na minha sopa, alguém se deitou na minha cama. Como Pompeia, a casa ficara suspensa em lama e cinza, deixando os habitantes entregues à poeira e ao abandono do tempo, encurralada numa solidão húmida, com o fantasma das crianças rindo e correndo pela casa e no baloiço lá fora.
Durante três anos nenhum dos dois lá voltou. Sara porque à simples ideia de o fazer chorava, e Júlio por mero desapego, ou assim julgava ela."
(do livro em que estou a trabalhar)
Durante três anos nenhum dos dois lá voltou. Sara porque à simples ideia de o fazer chorava, e Júlio por mero desapego, ou assim julgava ela."
(do livro em que estou a trabalhar)
Fascinante! Quantas vezes isso acontece...não conseguirmos voltar a certos lugares, que, no entanto, permanecem iguais...Assim foi, por exemplo, na casa da minha avó:quando o meu avô morreu, a minha avó mudou-se para casa da minha tia...A casa dela ficou igual, como se ainda morassem lá, mas nunca mais nenhum dos netos lá entrou.
ResponderEliminarO meu avô era assim como um 2ºpai, para mim.
Beijinhos
Querida Isabel, obrigada por partilhar isso comigo, connosco. Um grande beijinho
ResponderEliminarAmiga...fantástico. Aguardo...:)
ResponderEliminarbeijo grande
Rosário