segunda-feira, 6 de abril de 2015

Da solidão

Da solidão, um ritual
da trovoada da tarde, a música da terra
suor de tambores, cordas vibrando,
harmonias de chuva,
bailados de sombras
no intervalo da luz.

Da solidão, o presente
paralisia do tempo, a face molhada
humidade leitosa, ruído, queixume,
parede escorrendo,
lamento do ramo
da haste, da flor.

Da solidão, a promessa
chegada à beira do nervo, da carne
da boca, da língua, da corda acordando
palavras morrendo
no abismo da folha
tão só, a procura
do poema
de estar só.

(© Vera de Vilhena, inédito)

4 comentários:

  1. A solidão: tanto pode ser um motivo para escrever, como uma armadilha no peito das palavras...
    Já tinha lido e gostado deste poema. Só faltou o comentário.
    Um beijo, minha amiga.

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  2. Olá, Vera,
    A solidão que se entranha, que fere, que mata.
    Gostei muito.
    bj amg

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    1. Olá Carmem,
      Muito obrigada e bem-vinda a este meu (re)canto.

      Com amizade,

      Vera

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