terça-feira, 14 de julho de 2015

Ilha


«Agora tenho imenso tempo. Sou uma ilha rodeada de tempo por todos os lados. Os meus filhos já saíram de casa e não é a solidão que me aflige, Sara, é o resto da minha vida sem ti. Era inevitável entrarmos ambos para o clube dos divorciados. Tentativas por instinto, erros de percurso. Só restam os filhos. A paixão vai-se e, na melhor das hipóteses, fica o amor e os filhos. A amizade e os filhos. O rancor e os filhos. A indiferença e os filhos. Soube do teu divórcio por acaso. Por que é que não me disseste nada? Eu sei porquê, não precisas de responder. Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida demora uma eternidade. Dá margem para demolirmos todas as nossas certezas, para perdermos o chão muitas vezes, para vivermos várias vidas, mesmo as que não são nossas...não verdadeiramente.»
( © Vera de Vilhena, romance em construção)

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