O acto de escrever não é igual para todos. Quando não escrevo, é como se um músculo atrofiasse, mirrando até se tornar invisível. Então a escrita desaparece, para um qualquer covil onde guardo as coisas esquecidas. Porém, a passagem do tempo dispersa em mim uma irritação minúscula, que me vai corroendo os ânimos: os gestos tornam-se mais tensos, a voz mais impaciente, o espírito inunda-se de dúvida, como se fosse impossível voltar a escrever, um equívoco ter escrito alguma coisa algum dia. Quando chego ao limite dessa preguiça resistente e apática, a mão destrava-se, e instantes depois a paz regressa-me ao peito: está tudo em ordem, tudo como é esperado. O mundo voltou a ser redondo, a dançar sobre si mesmo, numa valsa tão antiga como o Verbo. E eu sou feliz outra vez.
Ainda bem que a memória e o treino te trazem sempre de volta. E cada vez com mais força! É mesmo assim que deve ser, provavelmente... Período de incubação seguido de período de explosão. :)) jinhos
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