A estação comeu uma hora ao inverno e deu-nos mais tempo feito de luz primaveril. Um pequeno-almoço tardio e domingueiro, ao som do noticiário que torna mais amarga a refeição. Por mim era o silêncio. Só nós e as nossas palavras. Só o som de mais uma manhã. Mas é preciso saber, sair da concha, para ter como pensar. O que pensar. Um cientista luso-americano descobriu o elixir da juventude e agora, teremos de viver para sempre?
O céu escurece, as nuvens incham e ameaçam cair. Apanho a roupa do estendal e agarro-me ao Dia dos Prodígios, uma edição com alguns erros de paginação que, por isso, me custou apenas um euro. Começo a ler o primeiro romance de Lídia Jorge e sinto-me mal pelo pouco dinheiro que dei por ele. Pergunto-me como cheguei aqui sem conhecer os passos inaugurais da sua escrita.
Lá em baixo, o meu filho toca saxofone com o Mestre que, finalmente, acedeu a intervir como professor ocasional. Complementar a técnica clássica com a abordagem do jazz. A Big Band Junior dá os seus frutos, acendendo a paixão ao aprendiz, que agora estuda o seu instrumento sem dar pelo passar das horas. Escuto a tentativa de um solo num tema do álbum de Mafalda Sachetti, e percebo que os dois, Mestre e aprendiz, vão no bom caminho.
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