Malas no carro, beijos e abraços, agradecimentos mútuos, votos de boa viagem e de continuação de boas férias. O carro partiu embalado por mãos que acenavam em despedida. Entre a bagagem um frasco de doce de amora, depois de uma investida a seis pelas matas carregadas de silvas e frutos silvestres. Soube a pouco. O tempo voou. Ficaram por cumprir muitas horas: tardes de preguiça entregues à leitura, a praia, outros filmes e lugares, os crepes com molho de chocolate, o desfecho de tantas conversas interrompidas pelo riso, pela arrogância das ideias que se entrelaçam noutras. Ficou a promessa de um fim de semana de outono, com lareira e vinho tinto, a paisagem fresca e fértil, retemperada pelas chuvas.
Fecho a porta e regresso à vida de antes. À palavra escrita. À preguiça. Aos livros. À solidão deliberada de quem trocou a vertigem urbana pelo silêncio de uma paisagem campestre. Respiro fundo e deixo entrar a resignação. Passo os olhos por esta meia dúzia de dias e chego à conclusão de que existe um certo conforto na tristeza de ver alguém partir. A prova palpável de que vivemos algo que vale a pena repetir.
Obrigada Vasco, Rita e Matilde.
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Obrigada Vasco, Rita e Matilde.
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Partir é morrer um pouco... alguém disse.
ResponderEliminarBeijo.
Olá Vera! Que bom tê-la de volta.
ResponderEliminarPois é minha amiga. Como seria fantástico se tudo na vida se resolvesse com um simples ‘restart’.
… Não gosto deste indivíduo; restart. O mês está muito comprido; restart. As minhas ideias não pegam; restart. Estou triste; restart. Sinto-me infeliz; restart. Estou sozinho; restart. Enfim, restart à vida que mais de metade já lá vai; e logo eu que sou primo do Matusalém!
Mas não é assim. A vida é como é e corre sempre à velocidade de 24 horas por dia ou 365 dias por ano, mais dia, menos dia. E como cada vez são mais curtos esses tais diazinhos!
Mas foi um prazer e uma alegria enorme sentir que, pelo menos consigo, a fórmula mágica funcionou, e já está de volta aos seus ‘silêncios campestres’. Será que pressinto alguns laivos de alegria nessa, como diz, ‘tristeza de ver alguém partir’?
Aí está uma verdade tão singela mas tão forte: ‘existe um certo conforto na tristeza de ver alguém partir’. Tem razão minha amiga, concordo inteiramente consigo, e é um conforto suave, tão doce que rapidamente se pode transformar numa saudade quase voluptuosa que nos enche a alma e nos faz desejar que um dia, nunca se sabe quando, possamos rever tudo e todos, mas com cautela, muita cautela porque como diz o ditado, ‘nunca voltes a um lugar onde foste feliz’. Mas é tão bom correr o risco.
É uma alegria sentir o veravilhena.blogspot.com voltar a pulsar!
Um grande abraço,
Mário de Sousa
Salgados, 17 de Agosto de 2011