segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A quatro

Há encontros quase perfeitos. Em que a imperfeição nada mais faz do que tornar mais perfeito o encontro. O jantar, uma delícia, um festim para o paladar. A porta da sala aberta, com a percussão da chuva a enfeitar a noite. O vinho tinto correu generosamente, recuso-me a confessar até que ponto...! Ao longo das horas saltitámos por entre assuntos divertidos e algo melindrosos, entre desabafos, provocações e devaneios. Viajámos até à Escócia, demos um pulo ao Brasil e pusemos um pé em Kuala Lumpur. Saltámos de pára-quedas, tivemos vertigens, reencontrámos velhos amigos, confessámos algumas mágoas e puxámos o lustro aos sonhos. Conselhos, muitos, com automóveis e pintores impressionistas pelo meio. O futuro assusta, mas é preciso não esquecer as bênçãos que temos Hoje. A sede aumenta, sim. É no entanto urgente fincar os pés no chão para não cairmos no abismo. A música escutou-nos, com e sem vibrato; Sinatra cantou o "My Way" e provou que ninguém consegue ir pelo mesmo caminho. Chat Baker deu-nos a ternura do seu timbre desafinado; rimo-nos com o enorme instrumento de sopro que soa a apito de navio. Experimentámos túnicas e chapéus, admirámos os vitrais de catedrais seculares e a fauna da Malásia. A onda gigantesca da Nazaré, no ecrã da sala, provou-nos que este país é ainda capaz de nos surpreender e que, ainda assim, é possível ficarmos de pé. 
Regressei a casa com um saco pesado, cheio de novos livros para ler. E com a certeza de que podemos viver encontros perfeitos. Obrigada, Pedro e João. Obrigada, Nanã.
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