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Jacek Yerka |
Dédalo
É
agora, ébria de mim
O
momento de ser eu
Sem
erro nem desvio
Sem
destilar
a
minha
dor
Ser
eu, mais ninguém
A
morder a mágoa de mim mesma
Sem
cinto nem travão
No
impulso etéreo
Que
me
leve
aonde
for
É
agora que choro, sem crosta nem escudo
Que
verei quem se encontra
em
mim
Onde
estou eu, quando me revelo?
Por
onde vai o meu ser verdadeiro?
Sem
firmeza, sem crença
Denúncia
ou enleio
Para
onde vou,
enquanto
caio?
Um
cintilar diminuto, entre o brilho das estrelas
Sombra,
suspiro, um encolher de ombros
Que
me apaga
Onde
estou eu quando entro em mim?
Porque
me apago, se
de
mim
saio?
Pudera
eu iluminar-me
Sair
do dédalo que inventei
Por
onde sempre andei
E
mais
e
mais
desconheço
Ainda
sou
Um
desperdício dilatando-se
Um
lamento demorado
No
exterior das minhas sobras
Se
vivo na réstia das noites
Para
onde vou,
quando
a
dor
meço?
Amanhã
irei negar
O
pranto dos meus versos
Nas
palavras embriagadas
Na
tontura de quem se perde
Na
lonjura
do
que é
perto
Sou
eu, ninguém
A
minha própria tortura
O
reflexo da vergonha
Escrito
em letras de pó
Revelação
oculta, suspensa
Em
paredes
de
ab
sinto
Até
ao dia em que saiba dar comigo
Até
ao dia em que
Eu
seja quem sabe aonde vai
Quem
tem a sua senda
Mas
hoje
Neste
hoje eterno
Mais
não sou
que
labirinto.