quinta-feira, 11 de julho de 2013

Nevoeiro

Gosto da Ericeira com nevoeiro. A paisagem torna-se leitosa, esfuma-se a linha do horizonte; a terra une-se ao céu, envolta num lençol translúcido onde as formas se perdem, ganhando ares de mistério. Hoje filmei as pás das enormes ventoinhas de energia eólica, sumindo no nevoeiro. Apenas o longo tronco daqueles moinhos se erguia rumo ao céu; as pás girando invisíveis, surgindo apenas no instante em que quase tocavam o chão, para logo tornarem a desaparecer. 
Gosto de nevoeiro. De escutar a sirene dos navios, de ver a dança do farol, cuja luz corta o manto níveo; dos longos triângulos de vapor formados pelos faróis dos automóveis. Do arvoredo. Das árvores que nos transportam para a Sintra Romântica ou para as histórias de Dickens.
Há algo de belo na aura de mistério que o nevoeiro traz, transformando as árvores em espectros e fazendo-nos acreditar que nada é o que parece, nada se encontra à distância que os olhos vêem. E o que vêem, realmente, os nossos olhos, senão a mais pura Incerteza?
Imagem: Nanã Sousa Dias, Sintra



Sem comentários:

Enviar um comentário