sexta-feira, 19 de julho de 2013

B34

9h10m à porta das Finanças. A máquina das senhas avariada há vários dias. Haverá um qualquer funcionário desgraçado que, diariamente, escreve à mão, em rolos de papel:
A1, A2, A3, A4, A5, A6...
B1, B2, B3, B4, B5, B6...
C1, C2, C3, C4, C5, C6...

Tirei a senha B34.

Fui à pastelaria. Escrevi.
1 poema, 1 café, 1 fradinho e 1 água mais tarde, voltei: B12...
11h10m: B26

Sentada nos degraus do 2º andar, transformei as conversas ao meu redor num murmúrio longínquo e fugi para um A4 (não, não é uma senha, por acaso a senha A vai agora no 36) e trabalhei o meu novo poema.
Depois fiquei assim, aparvalhada, ao descobrir que era possível acontecerem alguns versos numa repartição de finanças. Como um recém-nascido resguardando-se do mundo num sono profundo, fui-me evadindo, dos impostos para a poesia. Foi-me Imposto, para não EnloUqUeCeR: só assim poderão acusar-me de evasão fiscal.
Que farão estes outros, enquanto aguardam, como eu, nos degraus da escada?

B27...

2 comentários:

  1. minha querida, falo por mim: em qualquer lugar, me evado, para que, em certas circunstâncias, me invadam :( - é uma espécie de refúgio secreto - um talão de supermercado, um papel qualquer, me basta. escrevo. se guardo? tantas vezes não. mas que importa? como tu dizes, exercito o músculo da escrita, e, extravaso[ me]...

    nas finanças, porque não? já que, nos impostos, blasfemo e, sem ter como, pago...

    beijo de bfs, querida Verinha

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  2. :-)))))) É isso!! minha querida Mel, beijos!

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