quarta-feira, 20 de abril de 2016

Cabeças

«Fiquei de lá passar às oito. Quando cheguei a casa eram ainda cinco.
 Tinha a intenção de escrever um bocado, como tenho feito ultimamente, mas...zero. Peguei num livro interrompido do Hemingway e nem assim fui capaz de me concentrar; podia beber um whisky para descontrair, mas era demasiado cedo e ela não gosta do cheiro; acabei na minha passadeira: quatrocentas calorias. Apressei-me a cortar o cabelo no centro comercial, daquelas casas em que não vêem pessoas, só “cabeças”, tipo matadouro: cheguei a ouvi-las dizer:
– Ó Isabel, não me marques mais cabeças, que já tenho o Domingo cheio! Pra qu’é que serve a agenda, pá?!
Ou esta frase “riquinha”:
– Porra, pá, tantas cabeças por dia, uma pessoa té nem tem tempo de ir mijar! E estou cá cuma larica que nem me aguento!
Isto enquanto esfregava a minha. E com força, como se eu não a lavasse há uma semana.
– Estou a ser bruta? Você diga!
(Que sim, que estava a magoar um bocadinho).
– Ai, o senhor desculpe, mas é que aqui a gente ao fim de semana é isto.»
(ainda "em obras de (re) construção", mas para breve). 

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