Entretidos
a dispersar os cardumes, eu e o meu irmão trabalhávamos os músculos das pernas,
sem saber; o nosso chapéu, a sombrinha, era mantermos a cabeça molhada todo o
dia e, para isso, íamos ao banho constantemente. A praia era mesmo ali, a poucas centenas de metros do cais de abrigo, o que era perfeito
para desafios a nado:
–
Agora até ali ao «Rosinha»!
–
Esse é qual? Não estou a ver…
(O
meu irmão sempre foi míope e na praia, como retirava os fundos de garrafa, não
via nada).
–
Ali, aquela chata encarnada e azul! – Apontava eu – o último a chegar é um
peixe podre!
Escalávamos
rochas à caça de caranguejos e mexilhões – com canivete e tudo –, e, volta e
meia, lá tínhamos um encontro com uma alforreca, um peixe-aranha ou um
casalinho de namorados que aí tinha ido para estar à vontade, antes de virem uns
putos desmancha-prazeres. Com imagens adequadas a maiores de 18, os pés
escaqueirados pelas rochas ou a pele a arder, com a carícia das alforrecas, nem
por isso ficámos traumatizados. Agora têm um pesadelo, metem-nos logo no
psicólogo.
(excerto do próximo livro, em pré-publicação)
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