Quando dizem que a esperança é a última a morrer, não nos mostram o tempo infinito de angústia que lhe vem agarrado. A esperança pode tornar-se no mais aflitivo dos sentimentos, ser como um amigo incómodo, por quem nutrimos simpatia, mas de quem, por vezes, desejamos fugir. Não porque nos queira mal, mas porque existe nele algo de excessivo, que nos sufoca. Não, por favor, não me digam que enquanto há vida há esperança, porque isso pode significar viver neste estado de incerteza para sempre. Perder a paz, ver a alegria e o sentido de humor reduzidos a um sorriso desmaiado, como quem pede desculpa à dor por tê-la esquecido, por instantes.
Peço aqui perdão à esperança e às suas nobres intenções. Talvez ela seja uma jangada de ironia, que nos mantém à tona, mesmo que em águas geladas; talvez seja uma jangada maternal que, ao fim do dia, nos deite numa cama aveludada por um imenso alívio e nos diga: "estás a ver, eu não dizia...?"
Talvez... quem sabe?
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