domingo, 8 de março de 2009

Filosofices I

Se eu voltasse a ser uma criança, havia de querer fazer uma série de perguntas que na altura não me ocorreram. Agora que sou crescida, até parece mal, mas mal que pergunte...

A tesoura e o tesouro, são um casal?
O tesoureiro é o senhor que guarda as tesouras?
Não - responder-me-ão - é o que guarda o tesouro.
E nesse instante os meus olhos brilhariam, imaginando um pirata guarda-costas ou um animal de duas cabeças sentado sobre um alçapão.
Então e a tesoureira, é a senhora que faz e que vende tesouras?
É que não tem nada a ver, bem vistas as coisas, quando pensamos nisso, é confuso, ou não é?


Porque é que os especialistas dos dentes se chamam estomatologistas? Ou se chamava estomos aos dentes, ou um estomatologista devia ser o especialista do estômago. Porque é que os senhores não escrevem só "Dentista" nas placas? Refiro-me às placas na parede, que não têm nada a ver com a placa bacteriana ou a placa dentária. Tratam das doenças da boca - dir-me-iam - então pronto, "boquistas".

Se os cegos vivem nas trevas, porque é que não se chamam entrevados?

Porque chamam restos mortais aos restos mortais?
Há venenos mortais, armas mortíferas, isso sim, faz sentido, pois uma coisa mortal é mortífera. Mas os restos dos mortos são inofensivos, dificilmente vão explodir a qualquer momento e matar quem estiver ao pé. E o termo “restos” faz lembrar as cartilagens de um frango assado ou os ossos das costeletas para levar num saco e dar aos cães, ou ainda as sebências que se colocam à beira do prato. Não é lá muito simpático, acho eu.

Porque é que a palavra alma é tão parecida com lama, se são duas coisas tão diferentes? Deviam ter mais atenção com essas coisas, ainda alguém troca as letras numa carta de amor e escreve "adoro-te do fundo da minha lama". É chato.

Porque é que chamam à popa do cabelo “popa”, se ela é na testa, que é à frente? Não devia ser proa? Quando não percebemos nada dos assuntos do mar, o meu pai diz que são coisas de marinheiro de água doce.

Pronto, isto era o que eu perguntava se fosse criança, mas agora sou crescida, já não dá.

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