Defronte ao aparelho encarnado e cinzento, o velhote suspira com o desamparo de quem não sabe o que fazer. O objecto barra-lhe a entrada, como um polícia impiedoso e altivo.
Uma mulher de ar apressado pára junto dele, preparando-se para retirar uma senha.
- A senhora desculpe, é preciso tirar senha?
Ela olha-o com uma expressão trocista e responde:
- Sim, é claro.
- É que eu não sei qual é... - murmura o velho.
- Eu também não! - Exclama ela gracejando, enquanto olha em volta, à espera da nossa aprovação cúmplice.
- Eu queria pagar a água...
- Então é esta! Exclama a mulher, carregando por ele na tecla que indica os pagamentos.
Ele ali fica, de senha na mão, enquanto diz para a mulher que já entrou no recinto:
- Obrigada por me ter ensinado...!
Ela não o ouviu, nem tampouco lhe ocorreu que o senhor fosse analfabeto.
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