quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Natal, por amor

Comprei três quilos de abóbora aqui na santa terrinha e açúcar amarelo. Deixei os frascos vazios de molho em água quente, para retirar os rótulos e a cola e, por fim, esfreguei energicamente com acetona e algodão, até o vidro ficar translúcido e virgem. Lavei a abóbora, retirei-lhe as sementes e cortei-a, primeiro em pedaços, depois em cubinhos. O músculo do braço fixou a doer, mas não me importei. Os cães deitados no chão de tijoleira da cozinha, feitos sentinelas. Fiz as medições na balança, calculando a quantidade de abóbora, açúcar e raspa de casca de laranja, para dez frascos de compota. Pus dois tachos em lume brando. Demorou cerca de duas horas, mexendo de vez em quando, até “fazer estrada”, a indicar que estava no ponto. Nos intervalos, vinha ao computador: facebook, emails, blogs. A casa ficou perfumada com um cheiro doce. A colher de pau comprida sempre a mexer, para não pegar. Varinha mágica, para não deixar pedaços inteiros. Há pessoas que não gostam. A consistência certa, a canela, para aromatizar. Distribuí o doce pelos frascos, o mais democraticamente possível. Fui às gavetas do escritório, à caça de etiquetas coloridas. Identifiquei a minha compota com votos de festas felizes, aqui da terra. Do saco onde guardo os despojos de embrulhos de vários anos e de tantas festas, saquei papel de seda vermelho e ráfia verde. Da prateleira, subtraí fita-cola, agrafador, fita dourada, papel de embrulho. Colei uma etiqueta em cada frasco, depois de o doce arrefecer. Cortei quadrados de papel de seda, prendi-os com um elástico e rematei com ráfia verde, em dois tons. Por fim, embrulhei os nove frascos em papel de embrulho dourado e rematei com laços, que fiz com a fita no mesmo tom. Para o meu anjo da guarda, cujo aniversário se irá festejar à meia-noite, embrulhei as duas fotografias a preto & branco, assinadas pelo artista: duas portas da futura exposição “As Portas do Castelo” e um pijama de flanela de algodão, aos quadrados, em tons de vermelho, rosa e branco, para a casa do Meco, que tem uma buganvília à porta; porque a imaginei assim vestida, pela manhã, antes de ir buscar o pão quente.
Podia ter ido comprar o doce ao supermercado e a uma loja qualquer para despachar esta malta com presentes que já vêm embrulhados e tudo. Mas é nestas alturas que sinto o orgulho de dedicar tempo às pessoas. Festas felizes para todos.



1 comentário:

  1. Esses presentes assim, têm muito mais valor.
    Os que os vão receber, sentirão uma alegria tremenda.
    Beijinhos e FELIZ NATAL.

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