Que ano este, cheio de morte. Tão próximo da partida de João Aguiar, deixa-nos também José Saramago, sem nos dar tempo a que possamos recompor-nos da tristeza tão recente ainda.
As minhas primeiras leituras de Saramago foram a "História do Cerco de Lisboa" e "O Ano da Morte de Ricardo Reis". Fez-me muita companhia durante a gravidez do Hugo, em que, na preguiça do verão, com uma barriga imensa, li "A Jangada de Pedra" e o "Memorial do Convento". Nunca me esqueci de Baltasar e de Blimunda, dos nomes Sete Sóis e Sete Luas, que me acompanham até hoje. Tornei a Saramago com os "Cadernos de Lanzarote", cuja ilha tive ocasião de visitar e o "Evangelho Segundo Jesus Cristo", que confirmaram a minha admiração pela sua escrita. Mais tarde, uma colega da faculdade (obrigada, Isabel) emprestou-me o "Homem Duplicado" e cheguei a ter um pesadelo durante a leitura do "Ensaio Sobre a Cegueira", que me revelou uma outra face do escritor de quem continuei a ser admiradora incondicional.
Triste e ironicamente, o livro "As Intermitências da Morte" foi o mais recentemente devorado, com prazer. Seguir-se-ão outros, pois muito há ainda para ler e reler de e sobre Saramago. Pena que a Morte não tenha desistido de trabalhar. Pena que ande a levar pessoas tão grandes e a deixar cá gente tão pequena, que em nada engrandece o mundo. Pena.
Estou triste e revoltada com o critério da morte.
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