Pequeno-almoço: sumo de laranja natural, torradas com manteiga - cá fora, no terraço, de frente para o verde que as vacas já devoraram em grande parte; caminhada de uma hora ao ar fresco da manhã - cruzei-me com grupos de crianças em fila, pela estrada de terra batida, sob as ordens e os gritos das professoras e auxiliares, que tentavam pô-los na ordem. Disse-lhes bom-dia, à passagem.
- A senhora disse bom-dia! E vocês não respondem, meninos?!"
- "BOOOOM DIIIIIIAAAAA!"
Foi intenso e engraçado. Segui caminho a sorrir, um sorriso longo, que não consegui desmanchar.
Resto da manhã a preparar a 2ª sessão do curso que estou a dar na Ericeira "Escrevo o Meu Primeiro Conto" - trabalhando, sim...mas de biquini, deitada numa espreguiçadeira, ao sol: vantagens das profissões liberais: ser dona do meu tempo e do meu espaço;
Almoço leve: sanduíche de pão de 8 cereais com maionese, salmão, cebolinho picado (tirado do vaso da cozinha, junto à janela azul), e alface da horta do Zé Manel e da Bé, acompanhada de limonada acabada de fazer, com muito gelo; o Gastão e o Chico aos meus pés, sonolentos e encalorados;
Mais sol, mais estudo, um iogurte natural com mel e damascos, do Algarve;
A pele a dourar, agradecida pelo sol;
Chega o fim da tarde, as sombras tornam-se esguias, oblíquas. É hora de uma nova caminhada, na frescura do poente. Levo a máquina digital, fotografo a própria sombra no alcatrão, deixo as flores em paz;
Novamente no terraço: chá de menta e torradas com doce de morango da Bé: o Gastão baba-se, ao meu lado, dando a pata, a pedir pão. O Chico rói um osso, espevitado pelo alívio do fim da tarde.
Regresso ao trabalho, termino a análise de texto; a escuridão vai invadindo os cantos; retiro objectos que levo para o interior; fecho os olhos azuis à casa, a preparar a noite, deixando abertas apenas as portadas do piso de cima; a noite chega, o campo torna-se negro, os bichos nocturnos iniciam os seus cantos. Acendem-se luzes, a iluminar as casas caiadas, as telhas, as borboletas brancas e o seu esvoaçar frenético.
Venho então para aqui, para trás do ecrã. Respondo a amigos, espreito outros no facebook, escrevo este texto. São 21.33 e ainda não jantei. É preciso tomar banho, o jantar virá depois, à hora que eu quiser: vantagens de uma solidão de alguns dias, sem horários nem caprichos, a não ser os meus.
A consciência está tranquila, foi um dia bom. Pelo menos, neste meu pequeno mundo, feito de paz. Que pena o grande mundo não ser feito de cantos de paz como o meu.
Boa noite, Vera.
ResponderEliminarLindo o teu dia, contudo fiquei feliz ao ler os nomes de Gastão e Chico conte-me sobre eles, estou a espera.
Beijo
Até fiquei com água na boca...com vontade de ter um dia como o teu...com sabor a torradas, chá de menta e limonada...com sabor de liberdade, em que fazemos do tempo, aquilo que quisermos e trabalhamos com prazer...Que tenhas muitos, muitos dias assim.
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