quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mia coutei-me

Passei toda manhã mia coutando contos e agora estou assim, lhe fazendo homenagem, em surripiante estilo com meus desacostumados hábitos. Acho que vou passar o resto do dia brincando de Mia, sozinha pela casa. Mas miando baixinho, que as copiações de escrita são vergonhas que nem é bom contar. Finjo que mio e vou-me miando que nem criança. Ser crescido: é ter este lado de ficar acriançando a velha existência, na teimosia de se não querer anciar. Anseios? Tenho muitos. Mas receio por meus desreceios. Já dizia minha avó Falávia Palavrosa, que subiu aos céus como quem vai-ali e já-volta:
- Faz amigação com o tempo, Verdadinha. Não é bom tê-lo como desamigo.
Já tratei de comer o barulho das asas dos pássaros, não vá a distância do tempo apequenar-se e embocadinhar-me os passos. Já escutei o azul-azulado do céu, para não cair no centro da terra antes da hora chegada. Já toquei no cinzento horizonte de hoje: amanhã já está em minha mão, quando o mundo se mexer.
(nascido hoje, agorinha mesmo, na inspiração trazida pela leitura dos contos "Estórias Abensonhadas")
NOTA - para os meus alunos verem que não é preciso deitar as mãos aos céus em desespero, quando eu lhes pedir, depois da aula dedicada ao ESTILO, que escrevam em casa um texto "à Mia". Hehehe...

3 comentários:

  1. Muito legal(giro).

    Divertido, gostoso de ler, leve como pena que flutua e nos faz querer voar...

    Beijo que bom ter te encontrado.

    Renata devendo a foto das calopsitas.

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  2. pois, estou à espera das calopsitas! Obrigada, Querida Renata, mas o mérito é do Mia, eu limitei-me a copiar o estilo que nasceu dentro dele!

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