Vá, sejamos honestos. Amamos os livros, sim, devoramo-los, coleccionamo-los, fazemos listas de "a ler", namoramos mais não-sei-quantos, pedimos emprestados outros tantos, mas. Às vezes lemos livros intermináveis por simples teimosia. Para não desistir, já que chegámos até ali. Em leituras arrastadas de livros com 600, 800 páginas, que nos provocam níveis variados de entusiasmo: encontramos partes que nos conquistam, que nos dão a sensação gratificante de valer a pena, de serem justas as horas investidas; e eis que tropeçamos noutras, mais ingratas para nós, leais leitores, leais também para com um certo autor de quem já lemos diversos livros, que amámos sem esforço algum, e que assim, por simples teimosia e consciência, nos obrigam a chegar ao fim de um calhamaço que não nos apaixona, e cuja fama não conseguimos justificar, enquanto há muito deitamos uma olhadela a outros livros que aguardam a vez e cuja leitura apetece mais. É verdade ou não é? Vá, confessem...
Não se deixem enganar pelas riscas cor-de-rosa. Os dias são (d)escritos com todas as cores.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Ruy Belo
Ruy Belo faria hoje 80 anos. deixo-vos com um belíssimo poema seu.
"A mão no arado"
Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Parabéns
Muito apropriado, este apontamento de humor irresistível, para celebrar o 56º aniversário do senhor com quem partilho a minha vida há 11 anos :)
Parabéns, G! ;-)
Hoje faz 13 anos que nos conhecemos. No ano 2000, quando fomos apresentados, o teu nome era para mim uma espécie de lenda, muito conhecido e respeitado no meio musical. Continuas a surpreender-me e a ser uma das pessoas mais dignas de respeito que eu conheço. Como músico, como fotógrafo e como homem.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Tsung Tsung
Enfim, o puto dá uma ou outra nota fora, mas a malta perdoa, certo? Rsrsrs...
Bom domingo! :-) E tentem acreditar em impossíveis.
Bom domingo! :-) E tentem acreditar em impossíveis.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
caneta 3D
A ficção não pára de se tornar realidade! Daqui a ser possível criar uma tinta que permita escrever a palavra "chocolate" e COMÊ-LA, vai um passinho! :)
Impossível? Então vejam lá isto...sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Hélia Correia
Ontem, na Póvoa do Varzim, ao receber o prémio Correntes d' Escritas com a obra "A Terceira Miséria", Hélia Correia afirmou que este livro de poemas, uma homenagem à (sua) Grécia é quase um pedido de socorro, um grito: “É preciso lançar um grito como o das canções portuguesas a que, por exemplo, José Mário Branco deu expressão: ‘Alevantai-vos!’”. Fica bem entregue o prémio que este ano é dedicado à poesia.
poema de Hélia Correia
23.
A terceira miséria é esta, a de hoje.
A de quem já não ouve nem pergunta.
A de quem não recorda. E, ao contrário
Do orgulhoso Péricles, se torna
Num entre os mais, num entre os que se entregam,
Nos que vão misturar-se como um líquido
Num líquido maior, perdida a forma,
Desfeita em pó a estátua.
A de quem já não ouve nem pergunta.
A de quem não recorda. E, ao contrário
Do orgulhoso Péricles, se torna
Num entre os mais, num entre os que se entregam,
Nos que vão misturar-se como um líquido
Num líquido maior, perdida a forma,
Desfeita em pó a estátua.
[in A Terceira Miséria, Relógio d'Água, 2012]
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Correntes d' Escritas 2013
Começou ontem à noite, na Póvoa de Varzim, a 14ª edição do Festival Literário Correntes d"Escritas que este ano vai homenagear os escritores Urbano Tavares Rodrigues e Manuel António Pina.
"A edição deste ano contará com a presença de mais de 50 escritores (de Portugal, Angola, Espanha e Brasil), tradutores, editores, designers, ilustradores, jornalistas que se vão espalhar por várias escolas da cidade, por mesas redondas, onde se vai debater literatura, e pelos vários lançamentos de livros que decorrem durante os três dias que dura o evento.
Este ano serão muitas as estrelas do firmamento literário de a marcar presença no festival. Entre eles estarão a brasileira que venceu o último prémio Saramago, Andrea del Fuego, os espanhóis Ignácio Martínez de Píson, Susana Fortes e Domingo Villar, os portugueses , António Mega-Ferreira, Vasco Graça Moura, Valter Hugo Mãe, Hélia Correia, Rui Zink, Richard Zimmler ou Nuno Camarneiro (prémio Leya) num evento em que a poesia estará em destaque.
Na quinta feira de manhã será entregue o prémio literário Casino da Póvoa (no valor de 20 mil euros), para o qual são candidatas obras de Ferreira Gullar, Manuel António Pina, Hélia Correia, Fernando Guimarães, José Agostinho Baptista, Armando Silva Carvalho, Luís Filipe Castro Mendes e Bernardo Pinto de Almeida. Na mesma altura será lançada a revista Correntes d"Escritas, dedicada, ao escritor Urbano Tavares Rodrigues que, por motivos de saúde, não poderá marcar presença no festival literário.
Olhando com atenção para o programa literário do Festival não são claramente visíveis os ajustamentos orçamentais feitos pela autarquia uma vez que, como explica Luís Diamantino, "se taparam buracos financeiros alargaram significativamente a rede de parcerias" embora tenham deixado de patrocinar a 100% a vinda dos escritores. "Essa despesa passou a ser feita pelas embaixadas e pelas próprias editoras". Talvez por esta razão seja notória a ausência de pequenas editoras face a uma massiva presença dos grandes grupos editoriais como a Porto Editora e a Leya. Das pequenas editoras destaca-se a presença da Abysmo, que vai lançar o livro de Rui Vieira, No Labirinto do Centauro.
Para além das mesas redondas e lançamentos, para as quais são esperadas cerca de cinco mil pessoas, haverão ainda exposições de fotografia e a entrega dos prémios porto editora e Ler/Booktailors.
Quem já passou pela Póvoa em dias de Correntes sabe que o afluxo de público nos eventos é impressionante para um país que supostamente "não gosta de ler". Por essa razão Luís Diamantino promete que para o ano haverá um cineteatro a estrear para acolher cerca de 500 pessoas por sessão."
O programa completo pode ser consultado AQUI
(in site da Fundação José Saramago)
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Enganos
© Nanã Sousa Dias |
Entre o ser e o parecer anda o que nem tudo é. Os olhos vêem o que um coração sente, iludido, enquanto a mente traz aos ouvidos crentes a mentira das tentações. O cenário quer-se perfeito, o céu vai cheio de promessas e até uma pequena nuvem, no lugar certo, jura ser o que os nossos olhos querem ver. A nuvem passa e o comboio abraça os carris com o peso da realidade. Esfuma-se a névoa e no céu azul permanece a respiração, suspensa, em busca de uma outra nuvem que se arrume no ponto certo, desenhando uma nova quimera que nos alimente as mãos abertas. E das mãos se liberta a anarquia das nuvens, que de novo se ergue, subindo aos céus, a enganar os sonhadores do mundo.
Para conhecer a galeria clique em NANÃ SOUSA DIAS
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Dogsitting
O sol reapareceu, o que nos dá sempre um conforto infantil, de bebés contentes. O marido saiu para ensaiar. Dogsitting depois do pequeno-almoço, já sabem, Ruca, Fred e o pequeno Yoda.
A Ruca, arraçada de cão de fila de S. Miguel, é possante e assustadora. Rosna, sim, mas eu finjo não ligar e desarmo-a. É preciso não esquecer os ensinamentos do "Dog Whisperer". Brinco um pouco com o Fred, também grande mas um poço de mimo e a Ruca pára de rosnar. Comida nos pratos, água mudada. Dou-lhes um biscoito à saída. Não houve pernas nem braços arrancados.
Retomei a revisão de texto. Desta vez o texto é meu.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Mimos
Segunda-feira, missão cumprida. Hoje foi dia de mimos. Pequeno passeio à Ericeira. O tempo incerto, o céu carregado, na iminência da chuva. Lanche merecido de ameijoas à bulhão pato e mexilhões grelhados na chapa. Vinho branco e café, junto à janela. Lá fora, a chuva, o vento, o mar e o moinho junto à Praia dos Coxos.
Ao fim da tarde seguiu-se um serviço de dogsitter à Ruca, ao Fred e ao Yoda. Os donos foram até ao Porto. Fui retribuída em laranjas da quintinha. O que sabe sempre bem, mas não era preciso, que há coisas que se fazem com gosto, por amizade. A oferta dos produtos da horta (tantos!) também. É assim, cada um oferece o que tem para dar.
Uma sesta pecaminosa até às onze da noite. Porque não? Serão com um filme excelente, há muito gravado na box, para ver um dia. Foi hoje: "As Serviçais".
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Ainda de serviço
DOMINGO:
Frango de churrasco c/ batatas fritas
Cerveja, Vale Perdido, café, chocolate
Jantar de despedida, mais caprichado:
Pão de alho e ervas
paté de salmão caseiro
Camembert derretido com alho e coentros
azeitonas verdes recheadas com pimento
favinhas com bacon e coentros
Bolo saloio caseiro
Café...forte, que o jantar terminou à meia-noite e é hora de regressar ao Porto...
sábado, 16 de fevereiro de 2013
De serviço
(Escrevo com atraso, já na 3ª feira. Não houve tempo para bloguices)
O marido deu um workshop intensivo de laboratório a quatro alunos que vieram do Porto. Eu fiquei de serviço à cozinha, para que não falte o ânimo à rapaziada.
Ementa:
SÁBADO
Almoço: Queijos, salpicão, morcela de arroz
Feijoada de entrecosto e enchidos c/ arroz
Vinho tinto Vale Perdido, whisky, café
Jantar: Queijos
Caril de gambas c/ arroz basmati
Vinho tinto Vale Perdido, whisky, café, chocolate
O filho chegou-me só hoje, zombie, com o sono trocado, que ontem houve borga. Ainda assim teve de me ajudar a descascar 2k e meio de gambas cozidas. Azarinho.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Maria do Rosário Pedreira
Hoje deixo-vos com um blogue que se limita ao texto. Nada de imagens, nada de música. Vale por si e nada mais pede: contém impressões relativas à actualidade literária, sugestões, crónicas e confissões de uma grande senhora no meio editorial, casada com o também editor de renome Manuel Alberto Valente. Para acederem ao blogue de editora e escritora Maria do Rosário Pedreira, venham aqui, a HORAS EXTRAORDINÁRIAS. Estou certa de que irão ficar em excelente companhia.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Detalhes
Para os românticos, sentimentais, sensíveis a delicados estados de espírito trazidos pela música, a poesia, as imagens que esta minha amiga escolhe, dia a dia...deixo-vos na companhia de mais um blogue. Hoje, o da Maria João, aqui: PEQUENOS DETALHES
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Devida Comédia
No seguimento do que disse ontem, deixo aqui outra sugestão: o blogue do jornalista e escritor do Porto, Miguel Carvalho. A escolha deste post em particular vai com uma dedicatória à Denise, uma espécie de anjo que mora em S. Paulo.
O Blogue do Miguel: A DEVIDA COMÉDIA
O Blogue do Miguel: A DEVIDA COMÉDIA
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
O Jardim Assombrado
Muito boas almas vêm visitar este blogue. Estou como seguidora de uns quantos, que vale a pena seguir e nestes dias venho partilhar convosco alguns deles.
No final do ano apareceu um álbum de dois autores mexicanos que pode ser entendido como uma alegoria sobre a evolução da Humanidade, passe o tom pomposo da síntese. Nas figuras humanizadas destas aves vemos a representação de um mundo que bem conhecemos: a revolução científica dos séculos XVI a XVIII; a arquitectura que nos protege e encerra; as arriscadas máquinas de voar que sempre nos parecem frágeis na imensidão do espaço… Quando as aves sucumbiram ao excesso e ao artifício, veio também a produção em massa, a sobrepopulação, a obsessão do corpo perfeito, a guerra. «Quiseram controlar tudo: outros territórios, a vida, e inclusivamente o destino dos demais.» A imagem do tigre equilibrado numa bola de circo é a triste excepção neste mundo governado por aves de olhar duro e opaco, esquecidas de saber voar. Felizmente, «em algum lugar, ainda há quem tente estender as asas», dizem os autores, David Alvarez (n. 1984) e María Julia Garrido (n. 1986). São dele os elaborados desenhos a grafite, mas trata-se de um trabalho conjunto de texto e ilustração que lhes trouxe, merecidamente, o V Prémio Compostela para Álbuns Ilustrados.
Aves
María Julia Díaz Garrido
Ilustrações de David Daniel Álvarez Hernández
Tradução de Ana M. Noronha
Kalandraka
(Texto publicado na LER nº 121, secção «Leituras Miúdas».)
No blogue O JARDIM ASSOMBRADO
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Pioneiros
Não, dou o dito por não dito. A Nicole Pesce de ontem não é assim tão fantástica, porque já em 1951 este senhor, Victor Borge, fazia isto! Obrigada, Raul :) E bom domingo para todos, sim?
sábado, 9 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Saudade
A todos os que amo e perdi, aos tempos que já não regressam, ao sentimento que dói e estranhamente me conforta.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Patrícia Reis
A Egoísta, que editou durante 13 anos, foi suspensa ou acabou?
O mandato desta administração da Estoril-Sol, que é a proprietária da revista, terminou. Foi-me dito em Novembro para suspender todos os pedidos de colaboração para a edição de Março, que seria a primeira deste ano. O que a próxima administração vai decidir não sei.
Qual é o balanço?
A queixa é muito ‘tuga’, mas eu não gosto nada. Não penso ‘ai Jesus que terminou a Egoísta!’. Penso que fizemos 50 edições com coisas maravilhosas e foi uma experiência magnífica para todas as pessoas que tiveram o privilégio de participar. A Egoísta foi a revista mais premiada da Europa, esteve no Louvre, foi premiada em tudo o que é sítio. E demos trabalho a fotógrafos e a autores, alguns consagrados, outros que vieram a sê-lo. Fizemos uma publicação completamente distinta e fizemos escola. Quando propus uma revista temática diziam que era maluca.
Tem algum projecto para substituir o espaço que a Egoísta preenchia?
Tenho que ter porque tenho uma empresa no mercado, o ateliê 004. Se não estiver a funcionar não vivo. A ideia de que a Egoísta era a base de sustento é errada. Nós fazíamos e fazemos, felizmente, muito mais coisas. Sites, exposições, stands, eventos, imagens corporativas. É um ateliê de design, de ideias e de conteúdos. Adoro trabalhar e sempre fiz coisas muito variadas. Continuo a editar a Portfolio, que é a revista da Fundação Eugénio de Almeida, onde faço a cada ano uma grande entrevista. Fazer entrevistas é das coisas de que tenho mais saudades no jornalismo. Há vida para além da Egoísta.
Mas foi o grande projecto da sua vida?
Não. O grande projecto da minha vida são os meus filhos. Não é uma revista, caramba!
Como é que vocês conseguiam coisas como retratos do Lucien Freud?
Comprando. Tínhamos um orçamento editorial que era gerido à pinça e que foi sendo esmagado a cada ano. Muitas vezes fizeram-se omeletas com a película que separa o ovo da casca. Mas fizeram-se.
A revista custava 17,5 euros, mas é impossível que isso pagasse o custo real. Era um projecto de luxo?
Foi pensada para ser uma revista de culto. Não é uma publicação de índole comercial. É um veículo de comunicação e marketing de um grande grupo empresarial cujo core business é o jogo. A Lei do Jogo estipula que qualquer casino é obrigado a aplicar parte das suas receitas em actividades culturais. Entre outras coisas, a Estoril-Sol optou por ter uma publicação que reflectisse os valores do grupo e que fizesse algum serviço público.
Como é que asseguravam a qualidade gráfica e de impressão, que são imagens de marca da revista?
Trabalhando com os melhores designers do mundo e com a melhor gráfica do mundo, a Norprint, em Santo Tirso. Por cada ideia estapafúrdia que eu tivesse eles diziam sempre: ‘Se tem que ser feito vamos fazer’. Estou-lhes extremamente agradecida. Fizemos uma revista em que a capa só se via depois de ir ao microondas! Tiveram que fazer pesquisa com tintas. E muitas vezes perdemos todos dinheiro com isto.
Ainda tem carteira de jornalista. Gostava de voltar aos jornais?
A maneira como vejo o mundo é de jornalista. Faço parte da geração d’ O Independente e isso fica connosco. Mas passaram-se 26 anos desde que comecei. O jornalismo hoje é outra coisa.
Está diferente em que sentido?
Os jornais agora são geridos com uma folha de Excel, tudo tem que ser rentável. Quando entrei para O Independente fiz a tarimba toda e estive dois anos até assinar um texto. Agora, um miúdo entra num jornal, assina na primeira semana, mas está numa redacção onde os jornalistas mais velhos foram despedidos por serem caros. E as redacções ficaram sem memória. E há também a ideia de que os leitores não gostam de textos longos. Não gostam se forem maus!
A redacção de O Independente, onde começou, também era muito jovem...
Sim, com excepção da Helena Sanches Osório, mas tínhamos um objectivo e um líder, o Paulo Portas, o melhor director de jornal que tive. Ele tinha um plano.
Qual era o plano?
Derrubar o Cavaco e ganhar ao Expresso. Queríamos mudar o mundo e o jornalismo. Éramos a ‘presstroika’.
Como é que entrou?
Vi um anúncio, fiz provas e fui a uma entrevista com o Miguel Esteves Cardoso. A Inês Pedrosa assistiu e eu só respondia: ‘Já sei’. Estava nervosíssima. Quando o Miguel disse: ‘Esta não porque é muito já sei’, a Inês respondeu-lhe: ‘Esta sim por isso, não esteve aqui a lamber-te as botas’.
Qual foi o trabalho em jornais mais importante que fez?
Foi a última coisa que fiz para O Independente, em que estive presa na cadeia de Tires durante 20 dias, sem que ninguém lá dentro soubesse que eu era jornalista. Viver num pavilhão de uma prisão com 121 mulheres, sete chuveiros, sete buracos, que não havia sanitas, é uma experiência que muda a vida. Em vez de veres o copo meio cheio ou meio vazio, dás graças por teres um copo.
Patrícia Reis
Editora
Começou n’ O Independente com 16 anos e passou pela redacção do Expresso, da Marie Claire e da Elle. Participou na preparação da Expo-98 e foi produtora do programa Sexualidades, de Júlio Machado Vaz. Criou o conceito da revista Egoísta e vendeu-o à Estoril-Sol. Dirige um ateliê. Tem 42 anos, é escritora e jornalista ‘para sempre’.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Sambalelê
E porque o Carnaval está aí à porta, aqui vos deixo um tema irresistível, bem ao gostinho brasileiro, dedicado a todas as crianças. Haja Alegria!
Barbatuques, CD Tum pá :-)
Barbatuques, CD Tum pá :-)
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Egoísta
É oficial: a revista Egoísta foi suspensa por tempo indeterminado.
O Grupo Estoril-Sol (na pessoa do Dr. Mário Assis Ferreira), a escritora, editora e jornalista Patrícia Reis e o seu atelier 004 são as pessoas por detrás de todos os artistas publicados, desde os mais consagrados aos mais novos talentos, passando pelas artes plásticas, ficção, poesia, fotografia, pintura, ilustração...Foi, até hoje, a revista portuguesa mais premiada de sempre, a nível internacional.
Não vamos dizer adeus. Como é possível? Retira-se em toda a sua glória, sob infinitos aplausos que ainda irão soar por muitos, muitos anos.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
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