sexta-feira, 6 de junho de 2014

Insónia

Às 4h10m a Bolota arranha a porta do quarto. Abri-lhe a porta da rua, aguardei uns minutos, deixei-a entrar. Fiz ar de zangada, ignorando o seu contentamento de quem está pronto para o mimo e a brincadeira, como quem diz, Não, Bolota, não são horas para isso, são horas de estarmos a dormir...
- Fica, quieta! Ai, feia!
Voltei para o quarto, fechei a porta.
Os minutos passaram. São quase cinco. Nem eu nem ela tornámos a conseguir adormecer. Os machos da casa dormem, as fémeas nem por isso. Ela parece adivinhar a minha insónia e enquanto eu deixo o cérebro divagar por cenários tão absurdos como a escrita do segundo volume d'A Ilha de Melquisedech ou o filme "Stranger than Fiction" - um dos meus favoritos, que revi anteontem pela enésima vez - volta à carga, arranhando a porta do quarto. Desisto. Por isso são 5.57 e aqui estou, de pequeno-almoço tomado e a chávena de café do lado direito. O Gastão, que como serra da estrela que é dorme quase sempre lá fora, deve ter dado pelo cheiro das torradas. Começou a uivar. Juntou-se a nós. Aqui estamos os três, no escritório. Só o dono da casa dorme.
E agora é tentar fazer algo de construtivo com esta madrugada: escrever.
5.59.

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