sábado, 19 de janeiro de 2013

Tarde na tempestade

                                  
A vida em alerta. Os alarmes estridentes tocam sem compaixão. Compaixão? Semmãetecto, pensa, ao lembrar-se da piada que fazia quando era miúda, já com a mania de brincar com as palavras. 
Há um velho projecto prestes a realizar-se, mas traz consigo tantas curvas e contra-curvas, tantas armadilhas e adiamentos, que se algum dia chegar a bom porto será decerto tarde. A felicidade que deveria sentir (acha ela, na sua candura), já vai empoeirada, fora de prazo. Já colocou uma tão grande quantidade de remendos sobre remendos, que tem o sorriso retalhado. Agora faz o que tem a fazer, mais por espírito de dever que por vontade. 
Lá fora o arvoredo oscila com violência, cúmplice dos sonhos que há muito andam embrulhados na tempestade.

3 comentários:


  1. Embrulhados ou não em tempestades, eles andam por aí. Sim, sim... os sonhos!
    Se ela lhes der as cores dos amores perfeitos e acarinhar cada um como se de filho único se tratasse, não desistirá de acreditar que eles serão sempre seus, independentemente do lado de onde venha o vento, independentemente de se vergarem ou não as árvores.

    Um xi, apertadinho

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  2. maior que todas as tempestades, o que nos habita e resvala em nós e nos aturdia por dentro, e nos deixa sem sonhos e sem vontade de ver além dos dias baços e das horas de ninguém...

    Verinha, o quanto gosto de te ler!!!
    beijo meu, resto de bom domingo.

    Mel

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