domingo, 31 de outubro de 2010

Pó dos Livros

Eis um blog que sigo com alguma regularidade. A Pós dos Livros é uma livraria irresistível, localizada na Av. Marquês de Tomar, em Lisboa, curiosamente a algumas portas da casa onde vivi até aos dezoito anos. Vale a pena ir espreitando o blog, aliás, merecidamente premiado.
Para conhecer o blog da livraria, clicar aqui

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Gonçalo M. Tavares

"É importante uma pessoa não estar só dependente dos livros emocional, profissional ou financeiramente. O que eu quero é escrever sem ter de pensar nos outros e essa liberdade, se vivesse só dos livros, não seria tão fácil."

Jornal "I" - Os 25 mil euros do prémio (Saramago) também devem ter sido importantes.
GMT - "Na altura alguém me perguntou o que iria fazer com o dinheiro e respondi que iria comprar tempo. E é isso. Não sei se se nota muito, mas não tenho ambições materiais. Interessa-me é ter tempo para escrever – e o tempo é caríssimo."

(GONÇALO M. TAVARES em entrevista ao jornal "I", 26 Outubro 2010)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os Amadores

Assim passei, e muito bem, o meu serão. Obrigada, Pedro e João. Há filmes que vêm ao nosso encontro, na altura certa, como sinais fluorescentes que apontam para o que mais nos ocupa o espírito numa certa fase da vida. Este filme é uma boa surpresa até ao fim, divertindo-nos sem pudor e enternecendo-nos no final.
Para mais informação, ver aqui

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Insatisfeitos

Dedico este momento delicioso do Conan O' Brian Show aos insatisfeitos. Às vezes comportamo-nos, de facto, como: "a bunch of spoilled idiots". Enjoy.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ilusões

Por vezes somos nós que inventamos as nossas próprias correntes, que nos iludimos com prisões que só existem enraizadas em velhos receios, no medo em tentar quando, em muitos casos, basta um pequeno esforço para conquistarmos a nossa liberdade. Pode ser um "sim!" em vez de um "...não."; pode ser um "basta!", em vez de um silêncio amargurado; olhar em frente e respirar fundo, em vez de suspirar e  remoer o passado; pode ser até uma questão de arregaçarmos as mangas, ao invés de metermos as mãos nos bolsos ou cruzarmos os braços; ir, em vez de ficar; dizer, em vez de calar; olhar para o outro e escutar, em vez de ouvirmos apenas a nossa própria voz; investir tempo nos outros, ajudar, ao invés da autocomiseração e da indiferença. E assim modificando os nossos gestos, pode até ser que os dias comecem a fluir a favor da corrente - não a que nos amarrava - mas a de um rio límpido e irrequieto, que sabe bem onde conduzir as suas águas, agora que fazemos parte da maré.

domingo, 24 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Calhamaços

Hoje venho fazer a apologia dos calhamaços. Uma grande amiga devora-os com frequência e ao referir algumas obras de Alexandre Dumas, concluiu, e eu também, que são altamente recomendáveis nos tempos que correm.
É fundamental mergulharmos na ficção, quando a realidade é o que é. É preciso relembrar os heróis, os príncipes, os benfeitores, as fadas, os anjos, cavaleiros e feiticeiros. É urgente inspirarmo-nos em gestos heróicos e altruistas, nascidos da honra e dos bons princípios, se quisermos manter a nossa sanidade mental.
É que já não há heróis nem sherazades, e há muito que as princesas namoram artistas de circo e vestem calças de ganga; não há robin woods nem mosqueteiros, só piratas e vilões, e o mais próximo que temos de um Grilo Falante é o Medina Carreira... que, tal como o outro, chega a ser um bocado chato, de tanta razão que tem. E os soberanos, que vestem fatos Armani, há muito que taparam os ouvidos à consciência.
Leiam amigos, leiam - quanto maior for o calhamaço, melhor. Ao menos, enquanto enfiamos a cara num livro, não vemos a merda que nos rodeia.
Obrigada pelo mote, Patuska, salvaste-me o post de hoje.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Passatempo

Para quebrar a semana com um pequeno desafio, aqui vai este passatempo, para quem não conhece:
Se demorarem menos de 1 minuto a encontrar o homem no meio dos grãos de café, o lado direito do vosso cérebro está em forma, acima do normal;
Se demorarem mais de um minuto, encontram-se dentro dos parâmetros normais;
Se rondar os 3 minutos, ataquem na proteína, pois estão a precisar. Vá, sejam honestos e cronometrem. Obrigada, Ana Luísa.
Atenção...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nas palavras de Saramago

Foi lançado ontem, em Madrid, um novo livro sobre a vida, a obra e o homem, nas suas palavras, pois é "uma espécie de dicionário em três blocos" que compila declarações e entrevistas do Prémio Nobel da Literatura 1998", um catálogo de reflexões pessoais, literárias e ideológicas, que envolveu “um trabalho exaustivo de procurar na imprensa escrita entrevistas e declarações de Saramago efectuadas dos anos 70 do século passado a 2009”, segundo disse ao PÚBLICO Fernando Gomez Aguilera, responsável pela edição e a selecção de textos.
A edição portuguesa sairá pela Caminho, em Novembro.
(in "Jornal "PÚBLICO", 19 Outubro 2010)

sábado, 16 de outubro de 2010

Já a pensar no Natal

No âmbito do Festival de Jazz, inaugura hoje, às 18.00, a exposição "Maresias" de Nanã Sousa Dias, no Fórum do Seixal. A mostra de fotografia analógica, de médio e grande formato, estará patente e aberta ao público até dia 4 de Dezembro do ano corrente. Vale a pena vê-las ao vivo e investir nelas como um bom presente de Natal.
Preçário:
Edições limitadas a 25 unidades:
30x40 - 500 euros
40x50 - 800 euros.
Em edição aberta:
30x40cm e 30x30cm - 125 euros
Entregues com passe-partout e assinadas pelo autor.



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

João Delgado Godinho

Uma grande amiga proporcionou-me uma tarde e noite bem passadas, por ocasião do lançamento do livro de um amigo comum. É bom conhecer almas novas, trocar sorrisos e abraços, conversar, saber de outras vidas, com um copo de porto numa mão e um livro de versos na outra. Obrigada, Rosarinho, por me raptares da minha toca, parabéns, João, por este livro tão sincero, aconchegado pelo amor e pelo mar.
Foi-se o momento, ficam os versos:

"Eu queria ter a certeza
De que o pensar me faz doente
Que é antinatural pensar
Queria olhar as coisas
E ver somente as coisas
Como os velhos da minha terra
Que vêem no mar só o mar.

Quando passo pelas montras da cidade
Olho para dentro como as crianças.
Desejo as coisas como elas.
Se forem bolos lambo os beiços.
Estou sempre à espera de uma senhora
Que baixando-se à minha altura de homem
Veja em mim um menino
E me compre um bolo.
Se isto acontecer algum dia
Hei-de sorrir como um menino
Hei-de agradecer com os olhos
Hei-de correr pelas ruas
Esquecido do meu bolo.

Eu queria pensar sem comparar...

Quando estiver cansado deito-me
Onde me apetece deitar."
(JOÃO DELGADO GODINHO, in "Em Solidão Cresce Este Mar Azul", Terramar, 2010)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Alain de Botton

Já tive o privilégio de me corresponder com este senhor, autor de livros como "O Consolo da Filosofia" e "A Arte de Viajar". É um excelente comunicador e vale a pena escutá-lo no TED. Para quem preferir, abaixo do ecrã tem a opção de legendas em português.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Beberagens

Comecei o dia com chá Earl Grey, sumo de laranja e torradas com manteiga. As côdeas do pão caseiro para os cães, que se postam em sentido, cada um numa esquina da mesa, atentos a cada gesto, quase se esquecendo de respirar, de tão expectantes. E como, à custa de tanto referir este meu amado chá, me têm perguntado o que é isto, afinal, do earl grey, aproveito para partilhar o que sei: Charles Grey, 2º conde (Earl), foi primeiro ministro de Inglaterra, liberal, e popularizou-se também por ser o pioneiro na aromatização do chá preto com óleo de bergamota (sécs. XVIII/XIX). A bergamota, uma planta de flores muito aromáticas, dá um sabor a um perfume muito característicos que o tornam, a meu ver, num consolo para a alma.
Mas há outros, e logo eu havia de ter a sorte de os beber no mesmo dia: chocolate quente. Uns amigos tiveram a amabilidade de me oferecerem um conjunto italiano de embalagens individuais com preparados distintos: chocolate c/ whisky, c/ rum, avelã, laranja, merengue, café...são extremamente cremosos e maravilhosamente perfeitos para o outono.

De resto, leituras, livros, cães, livros, escritas, leituras, correspondência, livros, livros.
Roubei a imagem de Charles Grey aqui, se quiserem ficar a saber um pouco mais sobre o senhor.

domingo, 10 de outubro de 2010

Domingo, a chuva, os livros, o pão

O cão entrou-me no quarto a sapatear com as unhas no soalho de madeira. Oito da manhã, o sol lá fora, a querer despertar-me, puxar-me para fora dos lençois. Prendi-o no pátio com a corrente - ao cão, não ao sol, entenda-se - e, envergonhada, tornei a deitar-me. Acordei com sentimentos de culpa: tinha dormido de mais. O que significa dormir de mais? Descansar de mais? Talvez adormecer o corpo à força, dar-lhe um descanso que ele não quer nem pediu. Um excesso de generosidade para com esta coisa que nos sustenta o pensamento e os gestos.
Depois do pequeno-almoço, entreguei-me à leitura dos Ares Difíceis, de Almudena Grandes. O livro é gigantesco, a letra miúda, sinto-me num sonho-pesadelo, caminhando sem sair do lugar. Mas é bom, merece que eu insista em avançar. Prossigo lentamente, com os meus olhos frágeis, esforçados. Os cães a dormitar ao meu lado, o meu filho a ver Dexter no computador. A chuva lá fora. É isto, um Domingo, só pode ser. Tagliateli à bolonhesa para o almoço, com muito queijo parmesão ralado. Depois a leitura de um texto que ainda não é livro, mas será...e bom. Parece que ultimamente já quase só leio futuros-livros, ando nos bastidores da escrita. Privilégios do ócio. O sol regressa, a roupa vai secando no estendal, dengosa, sem vento, tão preguiçosa como eu. O céu ameaça novamente rebentar em choro. Retiro a roupa do estendal, mesmo a tempo. Regresso à leitura, o meu filho a estudar sax no quarto ao lado. Arrumar as coisas, atenção para não esquecer nada. Saímos, voltamos, compramos pão muito muito caseiro no "pão c/ chouriço e sem": três sem, por favor. Aldrabamos o jantar, apenas sopa e pão sem (chouriço), manteiga, fiambre, doces de figo  e de ameixa. Venho aqui escrever este texto, retomo a leitura do futuro-livro e deito-me na companhia de Carson McCullers, o livro que me serve de canção de embalar: "A Balada do Café Triste". Foi um bom Domingo.
Roubei a imagem aqui

sábado, 9 de outubro de 2010

Sensações

Ficar sem internet é como sair de casa sem telemóvel: nestes tempos modernos, essas ferramentas de comunicação com o mundo tornaram-se de tal forma parte de nós, que, sem elas, nos sentimos isolados, despidos, desamparados, como se tivessemos acostado a uma ilha deserta.
A linha telefónica regressou, depois do temporal que assolou esta terra e me deixou incomunicável. Pertenço ao mundo outra vez. Alívio. Vi o técnico empoleirado no poste telefónico, no meio da ventania, como quem olha o mastro de um navio abençoado que nos vem salvar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Adele Enersen

Para todos os que valorizam a imaginação e a ternura: espreitem este blog e vejam o que uma mãe é capaz de fazer, quando a filha parte para o mundo dos sonhos.
Obrigada, Bé.
O Blog oficial aqui

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Amor

Para sorrir e aquecer os vossos corações, neste dia chuvoso. Obrigada, Teresa.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ó Maria Helena

Estavam casados há tantos anos, que terminavam as frases um do outro ou já não precisavam de falar. Tudo fora dito entre eles. Amavam-se assim, naquele tédio tranquilo de barco bem ancorado no cais, que conhece o movimento de cada gaivota, o desenho de cada embarcação que chega ou parte, o ritmo das ondas e das marés junto ao molhe.
Quando contava uma história a terceiros, ele acabava sempre por perguntar à mulher sentada ao seu lado:
- Ó Maria Helena, onde é que foi que vimos aqueles golfinhos a cruzarem-se na proa...?
- Em Sesimbra, Henrique.
E virando-se para ela, poucos minutos depois, perguntava novamente:
- Ó Maria Helena, em que ano é que fomos naquelas férias à Toscânia...?
- Em 1992, Henrique.
E uma outra vez ainda se socorreu da memória da sua mulher:
- Ó Maria Helena, como é que se chamava aquele nosso amigo brasileiro do Algarve...?
- Valdemar, Henrique.
E ela, virando-se para nós, comentou, com ar resignado:
- Ele às vezes julga que eu sou o motor de busca do Google...