quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cookies

A massa pronta para os biscoitos. O meu filho de 15 anos ordenou:

- Mãe, a partir de agora, tens de fazer biscoitos todos os fins de semana. Com receita a dobrar! Deixas a massa pronta e na 6ª feira, quando eu chegar cedo do Conservatório, fazes as bolinhas e metes no forno.

A estratégia é simples: em primeiro lugar, para se empanturrar de biscoitos no fim de semana; em segundo, para poder chegar a casa, roubar pedaços de massa crua e, pouco depois, sentir o perfume dos biscoitos  acabados de fazer. Sabe bem o que quer na vida, este rapaz. Vai longe!   

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Maria Luíza

MARIA LUÍZA NUNES DA SILVA

1898 - 2011

Ontem morreu a minha bisavó. Era, desde 2009, a mulher mais velha de Portugal. Era mãe do padrasto do meu pai (perceberam?), ou seja, mãe do meu avô Zé, segundo marido da minha avó paterna, Mimi. Ele, o meu avô Zé, morreu em Junho de 2005, quando eu própria estava internada no hospital, com uma infecção grave nos olhos. lembro-me de ele recordar um diálogo que tinha volta e meia com a mãe e que fazia sempre rir toda a gente, por razões óbvias: 

Maria Luíza: Anda lá almoçar comigo, Zé, nunca sais, és um chato!

Zé: Ó mãe! A mãe esquece-se que eu sou um velho! 

Com mais de noventa anos, a Maria Luíza ainda subia a Rua das Pretas, em Lisboa. Era a 11ª mulher mais velha do mundo. Morreu com 113 anos de idade. Só lamento que o meu filho, hoje com quase 16 anos, não tenha chegado a conhecer a trisavó, que já estava internada num lar há vários anos, mas que, apesar de se mover de cadeira de rodas, ainda bebia o seu cházinho e dava dois dedos de conversa. É nestes momentos que sentimos a tristeza de adiarmos indefinidamente coisas que não podem ser adiadas. E a morte também não pôde esperar mais. A minha bisavó deixou uma imensa prole atrás de si. Se quiserem encontrar mais informação, espreitem AQUI

domingo, 25 de setembro de 2011

Comer orar amar

Eu sei, já vem tarde. Todos conhecem este filme, baseado no livro de Elizabeth Gilbert e numa história verídica. E é engraçado como me cruzei com ele só agora, com decisões já tomadas que por coincidência vão ao encontro da mensagem deste filme. Os contornos das histórias mudam mas, no fundo, andamos todos à procura do mesmo, certo? Para quem não conhece o filme, recomendo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sangria

Ergueu-se da cadeira e pensou: Ai é? Não consigo escrever? 
Preparou uma salada de rúcula com queijo parmesão ralado e vinagre balsâmico, que colocou junto a duas fatias de salmão fumado temperadas com pimenta preta, um pouco de salsa e cebola picadas e sumo de limão. Com um esgar desafiador para consigo mesma serviu-se de dois copos generosos de sangria e bebeu-os com alguma sofreguidão, na esperança de entornar a prosa fértil sugada do seu espírito através dos efeitos do álcool. Para surpresa sua, as palavras surgiram sem dificuldade e, ao chegar ao ponto final do seu texto, a mulher olhou assustada para o copo vazio e disse-lhe


Contigo não há mais conversas. Julgas que chegas aqui, sem mais nem menos, e me arrancas aquilo que quero dizer? EU é que escrevo, não és tu!


Se não fosse capaz de entornar as palavras, ao menos que as fosse dispondo, uma a uma, morosamente. Uma prosa tecida ponto a ponto, sóbria, de passos seguros, para que não perdesse o controlo da sua própria história. 
Deitou-se, fechou os olhos e, teimosa, desperdiçou o artifício fácil. A arrogância da sua preguiça. E quando se cansou de navegar através de ondas feitas do sumo cálido e morno das amoras, dos mirtilos, morangos e framboesas, adormeceu. Certa de que o sabor das bagas seria suficiente para tecer sozinha o seu manto silvestre.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sean Connery

Vi anteontem um filme feito à minha medida: inspirador, divertido, emotivo, estimulante. Uma história centrada em William Forrester, um escritor famoso que vive há décadas encerrado no último andar do seu apartamento situado no Bronx. Acontece o encontro com um rapaz negro e muitíssimo talentoso, com apenas 16 anos de idade, a quem é dada a oportunidade de realizar um sonho. A história e o que está na sua essência (a amizade, a lealdade para consigo mesmo, a integridade) fazem lembrar o filme "Perfume de Mulher", com Al Pacino.  Recomendo a quem gosta de bons filmes, e em especial aos que amam a escrita e os livros. Um filme precioso.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

terça-feira, 20 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Tempo preso

Às vezes deixo a mão correr como uma lenga-lenga a escrever por aí abaixo. Hoje saíu-me isto, em dois ou três minutos. Experimentem, pode ser terapêutico....

Tempo livre, tempo livro
Tempo preso, preso à porta
Porta perra, dobradiça
Movediça, enguiço, enguiça
Linguiça, porta fora
Porta-moedas, noves fora
Nada à vista
Nada às cegas
Cego nó na noz-moscada
Mosca-morta, mascavada
Mascavado, açúcar branco
Branco negro, negra vida
Vida nossa, bossa-nova,o nosso pão
Duro e pouco
Poupa a fome, poupa o tempo
Tempo livre, tempo preso
Preso à porta, não se importa
O portão ou a cancela
Vem cancelar a saída
Em seguida  diz ao vento
Que é pedra, sentimento
Sinto muito, diz o vento
Num lamento, ventania
Vem, avia a tua dor
Tão dorida de coçar
Coça o braço, o nó, o laço
Num abraço de coragem
Vem comigo, não te escapes
Nesse escape, asfixia
O ar sujo que respira
Fundo e voa
Tempo preso, tempo ileso
Tempo livre

sábado, 17 de setembro de 2011

quem me dera

Apetecia-me fugir para um lugar assim. São capazes de compreender este meu estranho desejo?


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Maravilhas da natureza

Video fascinante que mostra águias-marinhas em técnicas de caça inacreditáveis: o modo certeiro com que apanham o peixe à superfície ou no fundo das águas, a forma de se sacudirem em pleno voo, como cães, o peso que carregam. Obrigada, Nanã. E votos de bom fim de semana para todos.
ARKive video - Osprey - overview

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Escrita


Hoje, frente a uma tigela de gaspacho e um copo de vinho branco (ok, dois), revi mais um filme romanceado sobre o mito da vida dos escritores, que tantas fantasias faz nascer na mente dos autores principiantes: cenários hollywoodescos em cor sépia, cujo protagonista, em voz off, sob uma cuidada banda sonora, vai narrando a angústia dos seus dias como escritor, confessando-nos a miséria do seu quotidiano, intercalada com a salvação que chega com um cheque miraculoso, pelo correio, graças a um conto ou outro publicado no jornal. Ou mesmo a confiança de um adiantamento para que o escritor, a partir de um conto, escreva o seu primeiro romance! E claro que não pode faltar a grande história de amor proibido com final dramático. Sorrindo, consciente de que alimentava o meu lado ingénuo com histórias da carochinha, encontrei uma boa frase, na boca do suposto editor famoso e experiente. Dizia mais ou menos isto: é claro que sente que não tem o que escrever! Um escritor não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo; ou bem que se vive, ou bem que se escreve; se está sentado na cadeira a escrever, não pode ir lá para fora viver; o difícil está em fazer muito com pouco. Esse é um dos encantos da escrita.

É isso, tirar o melhor partido do que se viveu. Fazer o máximo com o pouco que se tem. Não se trata de ir viver para ter sobre o que escrever, mas sim escrever sobre aquilo que se viveu. Nem que seja o ter ficado anos preso num quarto escuro, pois na escuridão cabe o mundo inteiro. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Curriculum vitae

Nos tempos que correm, parece-me adequado deixar aqui esta sugestão para os que andam (ou andarão) à procura de trabalho numa empresa. Como diz a expressão "Não há uma segunda oportunidade para provocar uma primeira boa impressão".

domingo, 11 de setembro de 2011

"José e Pilar"

Hoje, no dia em que se completam 10 anos sobre a catástrofe ocorrida em Nova Iorque, apercebo-me de que quase tudo foi dito acerca do ataque às torres gémeas, de entre tantos artigos que têm sido publicados, tantos filmes, livros e documentários; e justas homenagens feitas às vítimas e a todos aqueles que se transformaram em heróis mais ou menos anónimos. É certo que os momentos mais dramáticos da História nunca poderão ser desprezados nem esquecidos, mas notícias felizes precisam-se. As almas estão famintas de consolo e de alimento. Por isso escolho homenagear um ibérico que é para nós motivo de orgulho: José Saramago.
Este documentário é candidato aos óscares de Hollywood. Aqui fica o trailer de lançamento. Para mais informação, espreitem o site da Fundação Saramago aqui

sábado, 10 de setembro de 2011

BBJ - Big Band Junior

Aproxima-se o início do segundo ano da BBJ. Aqui fica o video promocional para orgulho desta mãe :) Para quem não sabe, o meu é o loirinho de óculos, saxofonista.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

When Nuno Met Lia

Para o Nuno e a Lia, que casam hoje! Os mais sinceros votos de felicidades. Lá estaremos para celebrar o acontecimento :)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lembrar. SEMPRE.

Nunca é de mais lembrar. Sobretudo (desculpa, P., eu sei que é um casaco:)) nos tempos que correm, em que impera o pessimismo. E pior, o derrotismo. Fé precisa-se. Venha ela de onde vier. A fé que se tem em Deus. Em nós mesmos. Nos que amamos. As derrocadas acontecem. Sempre aconteceram e irão continuar a acontecer. Mas essa fé, essa forma apaixonada e crente de estar e de ver o mundo, é capaz de diluir a sua importância. Pergunto-vos: somos ou não capazes de escolher a forma como nos iremos sentir face a qualquer obstáculo? Temos ou não a força interior para escolher entre ficar desesperado ou reagir de forma construtiva? Porquê deixarmo-nos paralisar pelo medo, quando podemos enfrentá-lo e avançar? A maioria dos nossos receios nunca se concretiza. Já pensaram nisso? Face à questão pessimismo/realismo/optimismo, é ou não é melhor optarmos por assumir uma atitude optimista ao invés da oposta? Porquê carregarmos um fardo tão pesado, quando o podemos tornar mais leve? Volto a repetir uma frase maravilhosa de um autor anónimo, que encontrei citada num livro e que uma grande amiga já tinha partilhado comigo:

Os anjos voam porque se fazem leves. 

E agora recebam de peito aberto esta canção e deixem a inspiração entrar.

sábado, 3 de setembro de 2011

"Rentrée"

Resoluções da "rentrée":
- expandir a zona de conforto
- Enfrentar os medos
- Deixar de dizer "tenho que". Trocar por "posso"
- Sorrir. Sorrir sempre.
- Fazer mais exercício físico
- Não desistir
- Dar mimos aos que amo
- Falar com estranhos
- Escutar
- Rodar os ombros. Não desesperar
- Abandonar as queixas e os sentimentos de culpa
- Rodear-me de gente iluminada. Fugir do resto.
- Estabelecer prioridades
- Dar, dar, dar.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

As crónicas de Narnia

Nunca perdemos por completo o nosso lado infantil. Todos temos uma fatia de criança que nunca nos abandona. Nem mesmo quando achamos que somos muito crescidos. Se assim não fosse, não se escreviam livros de fantasia, nem se fariam filmes, nem peças de teatro, nem ilustrações, músicas, danças, jogos, brinquedos. Não se daria vida a animais falantes, faunos, gigantes, minotauros, feiticeiras e portas mágicas. E quão mais pobre seria este nosso universo...! Aceitar a imaginação que nasceu connosco e nos acompanhou ao longo da infância é poder, em qualquer idade, atravessar o espelho e entrar em mundos maravilhosos. Viver, na segurança do nosso recanto, aventuras com final feliz. É dar uma oportunidade à inocência. Entregar-nos a uma doce evasão que nos faz sorrir e nos retempera as energias. Erguendo-nos os pés do chão, dando-nos alento para enfrentar a realidade. Fazendo-nos esquecer o lado fastidioso da vida. Mesmo que por instantes apenas.  
E por isso hoje escolhi ser criança outra vez. Durante a tarde, de olhos brilhantes e respiração suspensa frente ao televisor, vi, pela primeira vez, este filme baseado na obra de C.S. Lewis. Maravilhoso.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Setembro

Agosto terminou e eis que a vida vai regressando à sua respiração habitual. É preciso chocalhar a preguiça da estação, tomar fôlego, tirar a poeira da mesa, guardar as havaianas. Devíamos pôr este verão de castigo. Portou-se muito mal, o menino. Andou a fingir que trabalhava, deu imensas faltas, teve péssimas notas no teste final. Mas passa sempre de ano, o patife. Decerto ainda teremos uns dias de consolo, uma espécie de aulas de compensação, de uma segunda chamada, para recuperar a dignidade estival. E enquanto esses dias não chegam, dou um jeito à casa, ponho a correspondência em dia, junto-me à corrente que anuncia a "rentrée". Regresso à escrita com novo fôlego. Leio, pela terceira vez, um livro que me lembra aquilo que já sei e que tendo a esquecer. Insistir. É urgente insistir até entranhar. Lembrar que a vida não é para se ver da janela. Que os anjos voam porque se fazem leves. Que somos estudantes numa imensa universidade. Que é preciso sermos escultores todos os dias. Devagarinho, cinzelando, dando forma, corrigindo, até encontrarmos a nossa imagem mais verdadeira e varrer, sem culpa nem remorso, o que ficou para trás. Pois é parte da obra. Também as sobras foram e serão o nosso alimento.