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O perfil e o testemunho de uma escritora – ou de uma jornalista que escreve livros como gosta de se assumir - com mais de 30 anos de carreira
Este ano a IBBY – International Board onBooks for Young People convidou o autor mexicano Francisco Hinojosa para redigir a mensagem sobre o tema «Era uma vez um conto que contava o mundo inteiro» a propósito do Dia Internacional do Livro Infantil. Que diria a Alice se fosse convidada para redigir esse conto…?
Passava logo o convite a outro. Não tenho jeito para escrever contos, muito menos subordinados a um mote…
Passava logo o convite a outro. Não tenho jeito para escrever contos, muito menos subordinados a um mote…
Acredita que um livro infantil pode fazer toda a diferença numa criança, marcar a sua infância
Um só?? Imensos!!
Um só?? Imensos!!
Houve algum que tivesse marcado a sua? Sei que não teve uma infância fácil…
Marcaram-me, profundamente, “A Princesinha”, um clássico da literatura infantil inglesa, da Frances Burnett, que me ensinou que “mesmo na grande desgraça, nunca se perde a dignidade e o requinte.” E “Clarissa”, do grande escritor brasileiro Érico Veríssimo, que me ensinou que se pode escrever um romance quase sem assunto. (Veríssimo foi tão importante para mim que tenho o seu retrato na parede diante da minha mesa de trabalho)
Marcaram-me, profundamente, “A Princesinha”, um clássico da literatura infantil inglesa, da Frances Burnett, que me ensinou que “mesmo na grande desgraça, nunca se perde a dignidade e o requinte.” E “Clarissa”, do grande escritor brasileiro Érico Veríssimo, que me ensinou que se pode escrever um romance quase sem assunto. (Veríssimo foi tão importante para mim que tenho o seu retrato na parede diante da minha mesa de trabalho)
E escrever um livro sobre esta crise de que as crianças e jovens tanto ouvem falar sem lhes condicionar os sonhos? É possível?
Claro! Então as crianças não sentem a crise na sua vida? Por que não falar-lhes daquilo que é uma evidência para elas? Os meus romances passam-se todos na atualidade. Por isso as personagens (crianças, jovens, adultos) estão inseridos nessa atualidade .Mas claro que acredito sempre que tudo se resolve – se nós fizermos por isso.
Claro! Então as crianças não sentem a crise na sua vida? Por que não falar-lhes daquilo que é uma evidência para elas? Os meus romances passam-se todos na atualidade. Por isso as personagens (crianças, jovens, adultos) estão inseridos nessa atualidade .Mas claro que acredito sempre que tudo se resolve – se nós fizermos por isso.
A sua imaginação não termina, é uma fonte sempre em atividade, ou já houve momentos em que se sentiu esgotada?
Eu não tenho imaginação nenhuma! O que tenho é muito boa memória -- e uma pilha imensa de cadernos com apontamentos do que vejo, do que oiço, do que me chama a atenção, recortes de jornais, etc… Quando começo a escrever um romance — está lá tudo. Nos cadernos e na memória.
Eu não tenho imaginação nenhuma! O que tenho é muito boa memória -- e uma pilha imensa de cadernos com apontamentos do que vejo, do que oiço, do que me chama a atenção, recortes de jornais, etc… Quando começo a escrever um romance — está lá tudo. Nos cadernos e na memória.
Uma jornalista que se tornou escritora ou prefere uma escritora com algo de jornalista em si?
Definitivamente uma jornalista que também escreve livros.
Definitivamente uma jornalista que também escreve livros.
É mãe de uma rapariga que nasceu precisamente a 2de abril. Terá sido o destino a pregar-lhe essa partida…Acredita no destino?
Quando a Catarina nasceu nem eu sonhava que, dez anos depois, começaria a escrever livros… Mas já nessa altura gostei que ela tivesse nascido no mesmo dia do Hans Christian Andersen… Destino? Nós fazemos o nosso destino, com uns pós de sorte, e uns pós de coincidências pelo meio.
Quando a Catarina nasceu nem eu sonhava que, dez anos depois, começaria a escrever livros… Mas já nessa altura gostei que ela tivesse nascido no mesmo dia do Hans Christian Andersen… Destino? Nós fazemos o nosso destino, com uns pós de sorte, e uns pós de coincidências pelo meio.
A Alice transmite uma serenidade invulgar quando viajamos pelos seus livros e até quando fala. Como faz o seu auto-retrato? É mesmo assim…calma serena, tranquila…
Eu sigo, de há muito, uma máxima oriental: “se tem remédio, por que te queixas? Se não tem remédio, por que te queixas?” Ando a cem à hora, faço mil coisas ao mesmo tempo, tenho horas para o trabalho e horas para os amigos – mas acho que sim. Que sou tranquila e serena… E sou de um otimismo à prova de bala, o que me dá uma força imensa.
Eu sigo, de há muito, uma máxima oriental: “se tem remédio, por que te queixas? Se não tem remédio, por que te queixas?” Ando a cem à hora, faço mil coisas ao mesmo tempo, tenho horas para o trabalho e horas para os amigos – mas acho que sim. Que sou tranquila e serena… E sou de um otimismo à prova de bala, o que me dá uma força imensa.
O que a tira de facto do sério?
A falta de profissionalismo. A estupidez. Gente malcriada.
A falta de profissionalismo. A estupidez. Gente malcriada.
Mais de 30 anos a escrever….o que falta dizer aos mais pequenos que ainda não o tenha escrito?
Todos os dias são diferentes, por isso há sempre coisas diferentes a contar. Há pouco, na rua, um amigo chamou-me, deu-me um abraço e disse: ”feliz dia 31 de Março de 2012!” Espantada, perguntei “porquê?”, e ele “porque é único, nunca mais haverá outro!” Se nós pudéssemos levar as pessoas (graúdas e miúdas) a pensar que cada dia da nossa vida é único e não se vai repetir nunca, talvez não se perdesse tanto tempo em coisas inúteis…
Todos os dias são diferentes, por isso há sempre coisas diferentes a contar. Há pouco, na rua, um amigo chamou-me, deu-me um abraço e disse: ”feliz dia 31 de Março de 2012!” Espantada, perguntei “porquê?”, e ele “porque é único, nunca mais haverá outro!” Se nós pudéssemos levar as pessoas (graúdas e miúdas) a pensar que cada dia da nossa vida é único e não se vai repetir nunca, talvez não se perdesse tanto tempo em coisas inúteis…
(entrevista publicada no Guia de Pais, e na página Facebook da autora, de onde retirei a fotografia)