sexta-feira, 27 de abril de 2012

SAUDADE


Caminhava com a fotografia na mão. Os passos a hesitar, inclinando à esquerda e à direita, ziguezagueando como um cão mal treinado, conduzido pela trela. Andava à caça daquela miúda, a que ficara colada à imagem encarniçada pela luz e pelo tempo. As árvores do fundo já não se encontravam ali. No seu lugar havia um prédio cinzento, sem graça, atravessado por cabos telefónicos de cobre, a aguçar os apetites larápios dos croatas. Uma fatalidade, aquilo dos prédios em vez de figueiras e arbustos. Porque as pessoas insistiam em reproduzir-se e eram obrigadas a arrumar-se assim, umas por cima das outras. O espaço encolhia todos os dias. E o carro azul escuro, a fugir pelo canto direito, há muito que fora sepultado na prensa do ferro-velho, levando com ele as embalagens esquecidas de cromos, no banco de trás, os papéis peganhentos das bolinhas de neve e aquele berlinde que ela e a irmã haviam atirado para o interior da grelha de metal, que acompanhava o comprimento do banco traseiro. M. tinha saudades desse ruído, o berlinde a rolar para um lado e para o outro, cada vez que o pai fazia uma curva apertada. O riso cúmplice das duas, o olhar de censura da mãe, como quem diz, Bela ideia, a vossa. E sim, fora uma ideia de louvar, absolutamente. No silêncio de todas as curvas que vieram depois, havia uma ausência que dava sentido à saudade.


Roubei a imagem AQUI

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Smart


O meu Smart não é lá muito esperto.

É um cabriolet, tem mudanças automáticas e condução sequencial, como se queira. Acontece que, após uma descida, em que meti em sequencial pedindo-lhe uma 3ª, para travar com o motor, ele começa, já de regresso ao automático, armado em Chico-esperto. O que é que faz? Mete uma 4ª ou até uma 5ª numa subida, julgando-se o máximo. É claro que depois não tem força para subir e é obrigado a reduzir novamente...
Quando íamos hoje os dois a subir aquelas curvas e contra-curvas, meteu-me a 5ª na subida íngreme e eu perguntei-lhe:
- Uma 5ª, a sério?...
Claro que foi de imediato obrigado a dar razão ao meu sarcasmo, concluindo que não iria ser capaz de fazer aquele pedaço de estrada em 5ª... 
Já lhe disse várias vezes que tem de baixar as expectativas, que a vida é feita de desilusões...que podemos até estar, numa dada fase da nossa vida, lançados que nem campeões...mas que, ao virar da esquina, se nos depara um buraco ou um obstáculo, e outro remédio não temos senão meter travões a fundo ao descer (neste caso com ABS, felizmente) ou reduzir drasticamente os nossos sonhos...
Digo-lhe que muitas vezes a nossa visibilidade é reduzida, que é preciso estudar a estrada que temos à nossa frente, antecipar os perigos e tirar o melhor partido da condução: as duas mãos no volante, de preferência, olhos na estrada, e o bom senso...para não sermos obrigados a desperdiçar energia, a ficar para trás ou, pior ainda, a chegarmos à conclusão de que não conhecemos o nosso próprio motor.
Pois é, meu amigo Smart, além de te armares em esperto, pecas por um excesso de optimismo que não te fica bem, vai por mim.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Álbuns de fotografias

Desde miúda que me lembro de folhear os grandes álbuns dos meus pais, com folhas de cartolina pretas, tamanho A3, e letras em giz branco. Em dois deles, se não me engano, estão uma série de fotografias ampliadas, a cores e a preto e branco, do 25 de Abril de 74 e do 1º de Maio: a minha mãe com um cravo no "duffle coat" bege, a multidão na rua, jeeps e militares, braços estendidos, gente a sorrir. Inconsciente daquilo tudo, eu passava essas folhas adiante, com o fastio de quem deseja retomar a "vida civil", caseira, com irmãos, primos e cães, almoços de família, idas à praia, pequenos-almoços no café do bairro (o meu pai fotografava tudo, felizmente), sem pensar que a vida continuava naquelas páginas que vinham a seguir à "chatice" da Revolução, sim, mas com outras cores que a película foi incapaz de captar.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Adeus, Miguel

Na véspera do dia comemorativo do 25 de Abril, perdemos o economista, jornalista e euro-deputado do Bloco de Esquerda, Miguel Portas. Morreu vítima de cancro de pulmão, em Bruxelas, aos 53 anos...

82ª Feira do Livro de Lisboa

Começa hoje mais uma Feira do Livro de Lisboa. Terá menos 14 pavilhões, mas promete, em compensação, mais eventos (lançamentos, actividades lúdicas, sessões de autógrafos, etc.). Para seguirem a Feira, aqui têm o site:
82ª Feira do Livro de Lisboa 2012
Encerra nos dia 13 de Maio. Aproveitem! 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dexter

Confesso que descobri recentemente a série Dexter (sim, só agora, imaginem!) e que estou absolutamente viciada! Está tão bem feito, que é como aqueles livros espessos que não conseguimos largar até terminarmos a leitura, virando as páginas, com fervor, para continuarmos na companhia das personagens...e sabermos o que irá acontecer a seguir, claro.
O genérico é muitíssimo bem pensado e executado, tendo em conta que a série se desenrola à volta de seriall killers: a analogia subentendida nos materiais e substâncias, nos gestos, partindo de objectos e rituais da rotina matinal é simplesmente de génio. Acho que anda a dar num canal português (não sei qual), mas estou a vê-la na FOX HD e recomendo (a mentes não facilmente impressionáveis, atenção).

sábado, 21 de abril de 2012

Margaret Tatcher

"Watch your thoughts, for they become words. Watch your words, for they become actions. Watch your actions, for they become...habits. Watch your habits, for they become your character. And watch your character, for it becomes your destiny! What we think we become. My father always said that, and I think I am fine."
Roubei do blog da PATRÍCIA REIS

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Pedras

Porque uma pedra nunca é simplesmente uma pedra. Pode servir de arma de arremesso ou de semente; ferir ou dar esperança; afastar duas pessoas - vestida de más acções ou palavras - ou encurtar distâncias; adormecer alguém quando lançada com violência...ou despertá-la, em jeito de alarme. 
Sim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa; mas muitas vezes uma coisa é....muitas coisas.
Ilustração: GUILLERMO MORDILLO

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Só isto

E porque já é 5ª feira e este blog começa a ganhar pó, venho apenas dizer que não, o blog não morreu nem foi abandonado, simplesmente as palavras têm-se arrumado noutros cantos, e esquecido este recanto individualista, a  bem de um simples ganha-pão. Nada tem sobrado para vir esconder-se aqui, nada a celebrar, nem queixumes ou angústias, ou sequer banalidades. Nada. O silêncio. Venho aqui quebrá-lo, para que não julguem que morri e partilhar o meu espanto por ver pessoas a puxar a minha manga, com a fatídica pergunta, Então?
Então?
Sei lá, a vida anda assim, estúpida. E eu, estupidificada.
Quando tornar a ser pensante, regresso aqui.
Até lá, só isto.

domingo, 15 de abril de 2012

Pool party

E porque adoro animais e estes são uns dos meus preferidos, fiquem-se com uma ternura de video: dois elefantes bebés, a tomarem banho numa banheira demasiado pequena...como poderão facilmente comprovar :) e a disputá-la! BOM DOMINGO, DIVIRTAM-SE!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Maria do Rosário Pedreira


Por Maria do Rosário Pedreira
Não passaria pela cabeça de ninguém esperar que um pintor fizesse um desenho ou pintasse uma tela gratuitamente – a menos, claro, que se tratasse de um acto beneficente. Quando se convida um economista ou um político para fazer uma palestra, o pagamento combina-se previamente e há muito boa gente que recebe pela tarefa mais do que vários dos meus salários mensais. (Diz-se que Clinton vive actualmente de fazer conferências, por exemplo, mas há muitos outros na mesma situação.) Se quisermos um cantor para animar um qualquer acontecimento, é bom prever um cachet jeitoso, ou ele não se dará ao trabalho de lá pôr os pés. Ora, vem esta introdução a propósito de um interessante artigo da jornalista e escritora Alexandra Lucas Coelho (ALC) no Público sobre o facto de em Portugal se partir do princípio de que um escritor não cobra senão os direitos de autor dos seus livros: se o querem num encontro, pagam-lhe, quando muito, as despesas de deslocação e, salvaguardadas as excepções (pouquíssimas), tudo o mais é por sua conta e risco, isentando-se quem encomenda o «serviço» de perguntar sequer quantos dias andou o pobre à volta do tema sobre o qual tem de dissertar ou escrever. O hábito instituiu-se e não é fácil corrigir a situação de uma hora para a outra, até porque, se um autor exigir ser pago por uma intervenção, haverá, diz ALC, uma dezena de outros que a farão de graça. Porém, numa altura em que cada vez há mais escritores a tempo inteiro, seria simpático pensar que a produção de um texto rouba se calhar tanto ou mais tempo do que um ensaio de meia dúzia de temas batidos a um cantor – e que por isso deve ser objecto de uma justa retribuição. De acordo com ALC, no Brasil o procedimento é já este. Está, pois, na hora de aprendermos com o lado de lá e batermos o pé.
(retirado do blog de MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA

domingo, 8 de abril de 2012

Escada

Por vezes a vida dá-nos razões para sentirmos uma imensa gratidão. Quando percebemos que existem pequenas coisas que não têm importância alguma e que outras pequenas coisas têm toda a importância. Fazer a gestão desses elementos, arrumando-os no lugar certo, é construir uma escadaria que nos vai conduzindo, degrau a degrau, num jogo de luz e sombra, a um lugar onde encontramos paz. E lá chegados, de pernas cruzadas como pequenos budas, a nossa voz interior segreda-nos, Vês? Tudo está bem quando se está bem. E ao abrirmos os olhos para dentro de nós, tentando conhecer a voz que falou connosco, entendemos que estivemos sempre ali...mas de olhos fechados, nada mais vendo que o sangue, o osso, a veia, a carne, incapazes de alcançar a nuvem, a erva, o seixo, a flor.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O COELHINHO CHOCOLATE

Era uma vez um belo coelhinho. Parecia um gelado de nata e chocolate, pois o seu pêlo era todo malhado, castanho e branco. Vivia num pequeno jardim guardado por um grande cão bonacheirão, chamado Castanho. O cão parecia-se um pouco com ele: também era castanho e branco, apesar de ser muito maior.

O coelhinho passeava-se livremente por ali, uma vez que os seus donos o tratavam como se fosse da família: não lhe faltavam as cenouras; brincava com o Castanho dando-lhe dentadinhas no rabo e fugindo logo de seguida, saltitando em direcção aos arbustos; passava o serão ao colo da D. Ermelinda, que lhe ia fazendo festas, enquanto conversava com o marido, frente à lareira…enfim, era um coelho feliz, que levava uma vida regalada.
Numa linda manhã de Abril, o Sr. José decidiu pintar a casota do Castanho, cuja madeira velha estava já muito feia. Agarrou no chapéu e foi às compras à aldeia, na sua carrinha branca. Apareceu pouco depois com várias latas de tinta de água, pousou-as na relva junto à casota e abriu-as: uma branca, outra amarela, outra ainda azul mesmo-mesmo da cor do céu e, finalmente, uma vermelha. Quando ia começar a obra, disse para com os seus botões:
"Ora ora, o que me calhava mesmo bem agora, era uma cerveja fresquinha!" – Porque estava imenso calor. Como a D. Ermelinda se encontrava longe, na cozinha, a fazer um bolo que fazia as delícias da filha e dos netos, que estavam para chegar, resolveu levantar-se e ir ele mesmo buscá-la.
Passados instantes, chegou o coelhinho, atraído por aquele cheiro novo  de tinta fresca. Ao ver as cores a brilhar ao sol, achou-as bonitas. Aproximou mais o focinho e os bigodes para espreitar e... Ops, asneira! Entornou duas latas de tinta! O azul e o amarelo espalharam-se por todo o lado e arranjaram uma cor nova:
Qual era? O verde!
Ficou muito espantado com o que tinha arranjado e não resistiu a espreitar melhor as outras cores: empoleirando-se com as patas na lata vermelha, pumba! Fez asneira outra vez! Ela tombou e o coelho Chocolate, com o peso, desequilibrou-se e foi cair em cima da lata de tinta branca! Agora é que a tinha arranjado bonita! Estava tudo entornado e, ainda por cima, cada vez que saltava, as suas patas deixavam marcas… …. Cor-de-rosa!
Nesse momento, curiosos com a confusão que reinava no jardim, chegaram o Castanho e o Sr. José, a correr:
"Chocolate! O que é que me foste arranjar?! Olha bem para isto, sim senhor, lindo serviço!" - ralhou o Sr. José. 
O Coelhinho olhou para ele com os olhos maiores e mais doces que sabia fazer, para não apanhar uma palmada. Era preciso ver aquela confusão de cores! O Castanho, todo satisfeito por ver o jardim mais colorido do que nunca, juntou-se ao Coelhinho Chocolate, lambeu-o e ficou com a língua pintada; depois, com a cauda a abanar, espalhou mais tinta por todo o lado. Agora havia roxo, castanho e cor-de-laranja também! Até as flores do jardim ficaram com as suas cores trocadas!
Pensam que a D. Ermelinda se zangou quando, ao chegar, viu aquela confusão? Estão enganados! Como era uma senhora muito bem disposta, não conseguiu conter o riso e desatou às gargalhadas. E o riso, que se pega como os bocejos e a tosse, contagiou o Sr. José, que acabou por rir também, e nem ficou zangado, pois reparou que o que sobrara nas latas ainda daria para fazer o trabalho.
"Ai, que eles estão quase a chegar!" - Exclamou a D. Ermelinda, pondo-se séria de repente - Vá, toca a tomar banho, seus marotos, antes que essa tinta seque!"
O que valeu a todos, é que a senhora adiantara trabalho, como era seu hábito, e, assim, dispôs de tempo para aquele imprevisto. Pegou no Chocolate e foi dar-lhe uma boa ensaboadela na banheira, com água morna. Quanto ao Castanho, foi lavado ali mesmo no jardim, com a mangueira, para aprender a ficar quieto! O Sr. José esfregou-o bem esfregado com um champô especial, até ficarem apenas as suas cores: castanho e branco.
Ao fim da tarde, a D. Ermelinda abriu a mesa no jardim, fez laranjada para as crianças e chá para os adultos, a acompanhar as grandes fatias de pão e de bolo de chocolate.
Por falar em chocolate, onde ficou o coelhinho? Ah, esse ficou amarrado ao poste, de castigo! E o seu amigo Castanho, que detestava tomar banho, passou o resto do dia muito sossegado e um pouco amuado com o dono, que o lavara com água fria. No entanto, nessa noite, já poderia dormir regalado, na sua linda casota, que estava agora como nova, pintada com as sete cores do arco-íris! Frente à porta podia ler-se:
"CUIDADO! PINTADO DE FRESCO!"
PÁSCOA FELIZ PARA TODOS 
OS PEQUENINOS E CRESCIDOS!


(VERA DE VILHENA, inédito, 2003)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Alice Vieira

Hoje, dia do aniversário de Hans Christian Andersen, tenho um óptimo pretexto para partilhar mais uma entrevista de Alice Vieira. Adoro o que a Alice diz nas entrevistas e fico sempre a pensar, Quero ser assim quando for grande, mas acho que já vou tarde. 

Alice Viera: ”É possível falar sobre a crise sem estragar os sonhos das crianças”

O perfil e o testemunho de uma escritora – ou de uma jornalista que escreve livros como gosta de se assumir - com mais de 30 anos de carreira


Este ano a IBBY – International Board onBooks for Young People convidou o autor mexicano Francisco Hinojosa para redigir a mensagem sobre o tema «Era uma vez um conto que contava o mundo inteiro» a propósito do Dia Internacional do Livro Infantil. Que diria a Alice se fosse convidada para redigir esse conto…? 
Passava logo o convite a outro. Não tenho jeito para escrever contos, muito menos subordinados a um mote…
Acredita que um livro infantil pode fazer toda a diferença numa criança, marcar a sua infância 
Um só?? Imensos!!
Houve algum que tivesse marcado a sua? Sei que não teve uma infância fácil… 
Marcaram-me, profundamente, “A Princesinha”, um clássico da literatura infantil inglesa, da Frances Burnett, que me ensinou que “mesmo na grande desgraça, nunca se perde a dignidade e o requinte.” E “Clarissa”, do grande escritor brasileiro Érico Veríssimo, que me ensinou que se pode escrever um romance quase sem assunto. (Veríssimo foi tão importante para mim que tenho o seu retrato na parede diante da minha mesa de trabalho)
E escrever um livro sobre esta crise de que as crianças e jovens tanto ouvem falar sem lhes condicionar os sonhos? É possível? 
Claro! Então as crianças não sentem a crise na sua vida? Por que não falar-lhes daquilo que é uma evidência para elas? Os meus romances passam-se todos na atualidade. Por isso as personagens (crianças, jovens, adultos) estão inseridos nessa atualidade .Mas claro que acredito sempre que tudo se resolve – se nós fizermos por isso.
A sua imaginação não termina, é uma fonte sempre em atividade, ou já houve momentos em que se sentiu esgotada? 
Eu não tenho imaginação nenhuma! O que tenho é muito boa memória -- e uma pilha imensa de cadernos com apontamentos do que vejo, do que oiço, do que me chama a atenção, recortes de jornais, etc… Quando começo a escrever um romance — está lá tudo. Nos cadernos e na memória.
Uma jornalista que se tornou escritora ou prefere uma escritora com algo de jornalista em si? 
Definitivamente uma jornalista que também escreve livros.
É mãe de uma rapariga que nasceu precisamente a 2de abril. Terá sido o destino a pregar-lhe essa partida…Acredita no destino? 
Quando a Catarina nasceu nem eu sonhava que, dez anos depois, começaria a escrever livros… Mas já nessa altura gostei que ela tivesse nascido no mesmo dia do Hans Christian Andersen… Destino? Nós fazemos o nosso destino, com uns pós de sorte, e uns pós de coincidências pelo meio.
A Alice transmite uma serenidade invulgar quando viajamos pelos seus livros e até quando fala. Como faz o seu auto-retrato? É mesmo assim…calma serena, tranquila… 
Eu sigo, de há muito, uma máxima oriental: “se tem remédio, por que te queixas? Se não tem remédio, por que te queixas?” Ando a cem à hora, faço mil coisas ao mesmo tempo, tenho horas para o trabalho e horas para os amigos – mas acho que sim. Que sou tranquila e serena… E sou de um otimismo à prova de bala, o que me dá uma força imensa.
O que a tira de facto do sério? 
A falta de profissionalismo. A estupidez. Gente malcriada.
Mais de 30 anos a escrever….o que falta dizer aos mais pequenos que ainda não o tenha escrito? 
Todos os dias são diferentes, por isso há sempre coisas diferentes a contar. Há pouco, na rua, um amigo chamou-me, deu-me um abraço e disse: ”feliz dia 31 de Março de 2012!” Espantada, perguntei “porquê?”, e ele “porque é único, nunca mais haverá outro!” Se nós pudéssemos levar as pessoas (graúdas e miúdas) a pensar que cada dia da nossa vida é único e não se vai repetir nunca, talvez não se perdesse tanto tempo em coisas inúteis…
(entrevista publicada no Guia de Pais, e na página Facebook da autora, de onde retirei a fotografia)

domingo, 1 de abril de 2012

Dia das Mentiras

Porque as mentiras também podem ser doces, votos de um Domingo pleno de doçura. Que o dia vos seja leve como um pé de dança.