sexta-feira, 6 de março de 2009

Quarto Torcato

Acendi a metáfora no meu quarto
Arrumei a luz desgovernada
Em gavetas de pó, um só sapato
Guardei os afectos na almofada


De um limoeiro fiz uma história
Já empenada de tantas palavras
Perco o rumo da minha memória
Com penas de pato enferrujadas

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Sei de cor as minhas penas
No meu quarto branco limão
E no abismo de três gavetas
Restam as sobras de uma ilusão.

Não me seguram os longos braços
Que se desprendem o dia inteiro
Abrasei a história, de luz apenas
À sombra de um doce limoeiro.

Fechei a memória do meu armário
Que guardo dentro da ilusão
Embalo a chegada de tantas penas
Nas dobradiças da minha mão.
(VERA DE VILHENA, dedicado ao meu querido amigo José Fanha)

4 comentários:

  1. Lindo. Tu escritora de prosa, dedicares espaço à poesia é comovente, sobretudo considerando o poema em causa. Como suponho já te disse, tu escreves prosa com sabor a poesia. Tens de te decidir!

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  2. Não tenho nada, tenho mas é de escrever o que me der na real gana e essa é uma das maravilhas da Escrita. Hoje deu-me para isto: reciclar um poema de 2005 e pô-lo mais ao jeito da pessoa que sou hoje. Obrigada, amigo.

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  3. A tua veia de escritora de prosa eu conhecia, mas esta da poesia... fiquei surpreendida! Gostei muito do teu blog, está fantástico! A foto tirada lá de casa é linda. Uma inspiração.
    Continua...venho visitar-te aqui.
    Até breve!

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  4. Muito obrigada Ana L., espero conseguir continuar a corresponder às expectativas. Aqui fica esta resposta, para não me esquecer de que o "anónimo" é a minha querida cunhada! Havemos de resolver essa limitação quanto à assinatura, pois não é nada que um perito na matéria não resolva facilmente! Obrigada mais uma vez, pelo carinho.

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