Depois de um salto à praia, seguimos para a quinta de uns amigos, que nos convidaram para um banho de piscina e peixinho grelhado. Depois do banho, apareceu o Serpa, um cãozarrão branco e dengoso, que parecia aparentado dos ursos polares. O Afonso sugeriu ao Hugo que fosse apanhar figos e eu, claro está, fui com ele. Levámos uma cesta, fizemos uma cama de folhas para os aconchegar e apanhámos os frutos que se soltavam dos ramos com uma lágrima de leite. Vi, pela primeira vez, uma nogueira carregada de nozes e espantei-me com o aspecto dos frutos que se escondem dentro de um casulo verde, como as castanhas. Ao lado, entre muitas árvores de fruto, havia romãzeiras. Fomos conhecer a vinha e a casta francesa (cujo nome não recordo, confesso), com os seus cachos de uvas pequeninas tão compactas, que pareciam massarocas de milho. Eram deliciosamente doces. Em contraluz, já o sol se deitava, o Serpa ameaçava subir o monte e escapar-se, para ir namorar outra vez:
- Serpa, anda cá, toma!
E ele vinha, contrariado.
Fomos buscar lenha, para grelhar o peixe. Entrada de queijos deitados em pão saloio e compacto, daquele que faz barulho a cair no estômago. A acompanhar, o vinho branco, verdadeiro néctar, feito pelo Pedro, enólogo de profissão, e filho dos nossos amigos Afonso e Teresa, donos da quinta. Discutiram-se os planos para a exploração da propriedade de 18 hectares, a política do presidente da câmara, e alguns assuntos da actualidade. Rematei o jantar tardio com alguns figos colhidos por nós e um pouco de marmelada caseira. Quando demos pelas horas, eram três da manhã.
Viemos embora com uma enorme saca de batatas e com os figos, claro.
Obrigada, Teresa e Afonso, e parabéns pela escritura!
Isso sim, são das deliciosos.
ResponderEliminarFico feliz, por te saber nestas andanças.
Beijinhos.
Foi bom ter-vos cá.
ResponderEliminarA figueira concorda e foi com desprendimento que vos adoçou com os seus nacituros leitosos.
A nogueira do mau feitio, reverdeceu e comentou o facto de não vos ser conhecida. Não liguem. Soberba vegetal...
Quanto ao resto, o que nos demorou pela noite dentro, para além dos vinhos e das graças, prevejo que reconsiderando (em Setembro), se recordarão do tal dito antigo de que nem tudo o que reluz é ouro...
Refiro-me, naturalmente, a quem ainda manda no burgo.
Abraços a todos os bracianos que eu conheço.
AM