sexta-feira, 15 de março de 2013

Reviver o passado

Adeus, até amanhã. Vou até à casa dos meus pais, onde passei os fins de semana e as férias da minha infância e adolescência. Agora irei ocupar o quarto de casal, com papel de parede às florinhas: era o da minha irmã mais velha, que, nos anos 70, já era uma jovem senhora. O que era o meu quarto e o da minha irmã do meio, com as duas pequenas camas brancas em ferro e colcha de quadradinhos em azul e branco, é, há anos, a oficina do meu pai, onde ele constrói modelos de barcos, ou não fosse o meu pai oficial da marinha reformado, com cachimbo, barba branca e tudo, a cujas longas pernas eu me agarrava com medo das ondas, na praia. O meu pai era um rochedo que nenhuma onda derrubava, eu tinha a certeza. 
Sei que será uma espécie de viagem ao passado. E que vou matar um pouco das muitas saudades que tenho desse tempo feliz, em que éramos crianças com preocupações ridículas, vivendo os dias no ócio de quem tem uma vida simples e privilegiada. Um pouco de mim está lá, sempre, e é essa Verocas que vou tentar encontrar, nas lombadas dos livros, nos cadeirões, nas fotografias, nos objectos, na luz, nos cheiros que habitam a minha memória.

1 comentário:

  1. Vera, que casa linda! Tenho certeza de que será uma volta ao passado inspiradora, que renderá bons frutos literários. Só de ler o relato no blog, já me remeto a outros tempos, a uma heroína romântica do passado (embora você ainda seja tão menina).
    Boa viagem e espero que tenha um excelente regresso, nos dois sentidos.

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